Avançar para o conteúdo principal

Vêm aí mais flexibilidade laboral

Depois do anúncio de fortes medidas de austeridade, o país, designadamente os trabalhadores devem voltar a estar na linha da frente das vítimas dos erros passados.
Agora será a vez de se encetarem medidas no sentido de uma maior flexibilização das leis laborais; ou dito por outras palavras, procurar-se-á facilitar os despedimentos.
Dizem-nos que são indicações dadas pela OCDE, e o líder do principal partido da oposição fala em flexibilização como forma de aumentar a produtividade e competitividade da economia portuguesa. Todos estão em sintonia nesta matéria.
Alimenta-se um vasto rol de equívocos no que diz respeito à competitividade da economia. Diz-se, por exemplo, que seríamos mais competitivos se fosse mais fácil para as empresas despedirem. Já está na altura de pensar a relação entre a baixa produtividade e as frustrações, as incertezas, o desrespeito e o constante cerceamento dos direitos dos trabalhadores. Como é que se pode pedir produtividade num quadro de constante precariedade do trabalho e tudo o que isso acarreta?
Paralelamente, quando se fala em fraca competitividade importa não esquecer outras questões indissociáveis dessa nossa relutância em sermos mais competitivos: a inoperância da Justiça; a promiscuidade entre Estado e empresas; as incongruências da Administração Pública; a proliferação de burocracia que não foi contida; a tibieza na formação dos recursos humanos; a instabilidade em torno da legislação laboral. Estes são os óbices ao desenvolvimento do país e não os trabalhadores.
Para finalizar, importa não esquecer que a flexibilidade laboral é uma realidade em vários países europeus, designadamente no caso do norte da Europa. Mas há diferenças: esses são trabalhadores com elevados níveis de formação e a média salarial, comparando com a nossa, é confrangedora. Não se compare o incomparável.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa...

Fim do sigilo bancário

Tudo indica que o sigilo bancário vai ter um fim. O Partido Socialista e o Bloco de Esquerda chegaram a um entendimento sobre a matéria em causa - o Bloco de Esquerda faz a proposta e o PS dá a sua aprovação para o levantamento do sigilo bancário. A iniciativa é louvável e coaduna-se com aquilo que o Bloco de Esquerda tem vindo a propor com o objectivo de se agilizar os mecanismos para um combate eficaz ao crime económico e ao crime de evasão fiscal. Este entendimento entre o Bloco de Esquerda e o Partido Socialista também serve na perfeição os intentos do partido do Governo. Assim, o PS mostra a sua determinação no combate à corrupção e ao crime económico e, por outro lado, aproxima-se novamente do Bloco de Esquerda. Com efeito, a medida, apesar de ser tardia, é amplamente aplaudida e é vista como um passo certo no combate à corrupção, em particular quando a actualidade é fortemente marcada por suspeições e por casos de corrupção. De igual forma, as perspectivas do PS conseguir uma ma...

Mais uma indecência a somar-se a tantas outras

 O New York Times revelou (parte) o que Donald Trump havia escondido: o seu registo fiscal. E as revelações apenas surpreendem pelas quantias irrisórias de impostos que Trump pagou e os anos, longos anos, em que não pagou um dólar que fosse. Recorde-se que todos os presidentes americanos haviam revelado as suas declarações, apenas Trump tudo fizera para as manter sem segredo. Agora percebe-se porquê. Em 2016, ano da sua eleição, o ainda Presidente americano pagou 750 dólares em impostos, depois de declarar um manancial de prejuízos, estratégia adoptada nos tais dez anos, em quinze, em que nem sequer pagou impostos.  Ora, o homem que sempre se vangloriou do seu sucesso como empresário das duas, uma: ou não teve qualquer espécie de sucesso, apesar do estilo de vida luxuoso; ou simplesmente esta foi mais uma mentira indecente, ou um conjunto de mentiras indecentes. Seja como for, cai mais uma mancha na presidência de Donald Trump que, mesmo somando indecências atrás de indecência...