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Incongruências inaceitáveis

Numa altura em que se pedem sacrifícios à generalidade dos portugueses em virtude das dificuldades que o país atravessa, sabe-se que o orçamento do Parlamento subiu. Ora esta incongruência é simplesmente inaceitável.
Como é que se explica a pessoas que lutam diariamente para manter os seus empregos, àqueles que estão desempregados e a todos os que fazem novos milagres mensais para pagar as suas despesas, que os ilustres membros o Parlamento têm mais necessidades financeiras?
Os deputados viram os seus salários serem reduzidos em cinco por cento, mas as suas necessidades financeiras subiram consideravelmente como o orçamento para 2010 assim o demonstra.
Em bom rigor, esta notícia não espanta, assim como não surpreende a criação, precisamente quando o Estado necessita de reduzir a sua despesa, de novas empresas públicas, como não chocará ninguém a teimosia desvairada em avançar com as obras públicas.
Afinal de contas, todas estas e outras incongruências são o resultado da passividade de um povo que choraminga em privado, mas mostra-se sempre compreensivo em público. De resto, essa passividade aliada à não exigência de mais rigor e responsabilidade dos representantes políticos eleitos, tem sido a receita para o desastre que agora começa dar os seus primeiros sinais mais onerosos.

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