Avançar para o conteúdo principal

Reza-se e promete-se muito pouco

Depois de cada tragédia envolvendo armas nos EUA, condena-se, reza-se e agora promete-se pouco, muito pouco, sobretudo entre membros do Partido Republicano. Naquele que é já considerado o mais mortífero ataque dos tempos modernos  envolvendo armas, condenou-se e rezou-se. Quanto à questão central - a proliferação e facilidade na aquisição de armas - nem uma palavra, designadamente do  Presidente americano que insistiu em puxar pela protecção divina , sendo que a explicação assente na doença mental repete-se até à exaustão. E desenganem-se aqueles que eventualmente pensam que aquele não seria o momento para se abordar a questão e que a mesma será tratada em tempo devido. Não será, nem agora, nem tão cedo.
Sabe-se que nas hostes do partido Republicano o direito de possuir armas não é discutível. Trata-se afinal de um direito constitucional que se sobrepõe à segurança pública. Repete-se: o direito constitucional de porte de arma está acima da segurança de todos. E contra isto, aparentemente, haverá pouco a fazer, mesmo depois da tragédia em Las Vegas. Entre as hostes republicanas fala-se em algumas limitações técnicas, mas o essencial mantém-se: a proliferação e fácil aquisição de armamento.
Pelo caminho está a poderosíssima NRA que faz da segunda emenda da Constituição a sua própria essência, contando nas suas fileiras com dos mais ferozes adeptos do armamento, não raras vezes, armamento de guerra.
Hillary Clinton veio de imediato a público chamar a atenção para a necessidade de se controlar a proliferação e fácil aquisição de armas. Palavras que cairão em saco roto, como caiu em saco roto boa parte dos esforços do anterior Presidente, Barack Obama, para resolver este problema.
Muitos outros perecerão vítimas da fixação americana com as armas e a solução não passará seguramente por esta Administração caracterizada por um misto de mediocridade e radicalismo. Entretanto, reza-se. E promete-se muito pouco.


Comentários

Mensagens populares deste blogue

Mais uma indecência a somar-se a tantas outras

 O New York Times revelou (parte) o que Donald Trump havia escondido: o seu registo fiscal. E as revelações apenas surpreendem pelas quantias irrisórias de impostos que Trump pagou e os anos, longos anos, em que não pagou um dólar que fosse. Recorde-se que todos os presidentes americanos haviam revelado as suas declarações, apenas Trump tudo fizera para as manter sem segredo. Agora percebe-se porquê. Em 2016, ano da sua eleição, o ainda Presidente americano pagou 750 dólares em impostos, depois de declarar um manancial de prejuízos, estratégia adoptada nos tais dez anos, em quinze, em que nem sequer pagou impostos.  Ora, o homem que sempre se vangloriou do seu sucesso como empresário das duas, uma: ou não teve qualquer espécie de sucesso, apesar do estilo de vida luxuoso; ou simplesmente esta foi mais uma mentira indecente, ou um conjunto de mentiras indecentes. Seja como for, cai mais uma mancha na presidência de Donald Trump que, mesmo somando indecências atrás de indecências, vai fa

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação e Trump é o ma