A
independência da Catalunha acabou mesmo por ser declarada, mas com
efeitos suspensos. O Governo espanhol responde pedindo
esclarecimentos sobre esse pedido de independência, esperando-se a
suspensão da autonomia da região. E já anteriormente o ministro da
Justiça espanhol declarou que o Governo não será alvo de chantagem
pelo Sr. Puigdemont, líder da Generalitat que procurou abrir a porta
ao diálogo, para rapidamente ver essa possibilidade inviabilizada
pelo Governo espanhol.
De
um modo geral, e apesar da rapidez dos acontecimentos, parece que a
intransigência de Rajoy manter-se-á. Com efeito, o líder do
Governo espanhol quer uma vitória total sobre as pretensões
independentistas catalãs, não se mostrando interessado numa
meia-vitória. Rajoy insistirá em esmagar a deriva independentista,
fazendo da Catalunha um exemplo do que pode acontecer caso se coloque
em causa a unidade do país. Paralelamente, este imbróglio até dá
jeito a um líder fraco que vê uma oportunidade de mostrar que tem
mão de ferro. Pese embora, exista um projecto do PSOE que prevê
mudanças constitucionais nos próximos seis meses que pode prever um
aumento da autonomia da Catalunha, mas não a saída da Catalunha. E
prevê-se que quanto maior for a intransigência de Rajoy maior será
o número daqueles que, na Catalunha e talvez não só, olharão para
a questão da independência com maior simpatia.
A
declaração e suspensão da independência adiará, no melhor dos
cenários, o problema. Entretanto, continua a pairar no ar a
aplicação dos famigerados artigos 155 e 166 da Constituição
espanhola que suspendem direitos e limitam a autonomia de uma região
que mostre sinais de rebeldia.
A
CUP, parceiro na maioria que suporta o Governo dá um mês a
Puigdemont para declarar a independência unilateral, acusando o
líder da Generalitat de ter traído as aspirações independentistas
dos Catalães. Se o líder da Generalitat já tinha a vida
particularmente difícil, com esta posição do parceiro de coligação
tudo se torna mais intrincado.
A
declaração de independência de Puigdemont pode-lhe permitir ganhar
algum tempo e quem sabe procurar mais apoios, embora não expectável
algum sucesso. No entanto, Rajoy não deu margem e a pressão passa
novamente para o lado catalão.
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