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Santana Lopes: candidatar-se por Portugal

Incapaz de ficar longe das luzes da ribalta, Pedro Santana Lopes candidata-se à liderança do PSD, ou me melhor dizendo PPD-PSD. Assim, e já em plena campanha, o candidato arrepia caminho em entrevistas. Na última afirmou candidatar-se por Portugal, numa espécie de mito do herói desejado. E embora já tenha passado até pelo cargo de primeiro-ministro, ainda se jullga desejado. E talvez não esteja errado a respeito disso mesmo.
Na mesma entrevista Santana Lopes dá pistas sobre aquela que será a sua estratégia. Já percebeu que a acrimónia de Passos Coelho não resultou, mas também tem consciência de que não pode antagonizá-lo, sob pena de perder o apoio e votos dos seus órfãos. Santana Lopes chegou a uma conclusão: a estratégia de Passos Coelho, sempre em tons de cinzento, já não produz os efeitos desejados, sobretudo agora que existe uma outra solução política que aplica uma estratégia oposta, obtendo melhores resultados. Santana Lopes sabe bem que os cidadãos, mais ou menos informados, mais ou menos conscientes, sentem essas diferenças.
Por outro lado, e sempre no registo populista a que nos habitou, o candidato à presidência do partido colou-se e elogiou abundantemente o popular Presidente da República, o "campeão dos afectos". Talvez aqui o sentimento seja recíproco e se assim forem essa é uma enorme vantagem para Santana Lopes. Fica no entanto por perceber se as luzes da ribalta têm espaço para os dois.

Pelo caminho está Rui Rio e as razões pelas quais concorre à presidência do partido, talvez tenha sido também por Portugal. E se não for, fica sempre bem dizê-lo. O que se sabe é que o ex-Presidente da Câmara do Porto terá uma difícil tarefa: ser bem sucedido neste jogo de inanidade e populismo que será a campanha para a liderança do PSD, ou será PPD-PSD?

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