Recorde-se
que o Governo espanhol tinha dado um ultimato a Puigdemont,
presidente do Governo da Catalunha: tinha até segunda-feira, às
10h, para clarificar a questão da independência, sempre com a
ameaça da suspensão da autonomia como pano de fundo.
Ontem
esse prazo chegou ao fim, e o Governo espanhol decidiu dar até à
próxima quinta-feira, data em que Puigdemont deve fazer não só a
clarificação como explicar ao Governo central como vai repor a
legalidade.
Puigdemont,
por sua vez, enviou carta a Rajoy propondo a abertura ao diálogo,
sem no entanto fazer qualquer clarificação quanto à questão da
independência, apontando, ao invés, para um prazo de dois meses
para que sejam encetadas conversações.
O
que se depreende destes novos prazos é que ambos os lados parecem
dispostos apenas a ganhar tempo, sobretudo a Generalitat de
Puigdemont. Com efeito, nem mesmo o Governo espanhol se mostrou assim
tão empenhado em evocar o famigerado artigo 155 da Constituição e
subsequente suspensão da autonomia, como já mostrou no passado
recente.
O
que mudou para o Governo espanhol? Creio que nada, o compasso de
espera serve apenas para deixar Puigdemont e as aspirações
independentistas em lume brando, enfraquecendo a tese de
inflexibilidade do Governo espanhol. Volvidos estes dias, e na
ausência das clarificações exigidas por Rajoy, o artigo 155 será
mesmo evocado perante um Puigdemont claramente enfraquecido que
procura ganhar tempo a todo o custo. E tudo se mantém num
inquietante impasse.
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