Depois
de tanta intransigência do Governo espanhol e depois ainda de
Puigdemont, Presidente da Generalitat catalã, ter sido encostado à
parede até pelos próprios parceiros de coligação este decidiu
transferir a decisão da independência para o Parlamento catalão
que a aprovou. Importa lembrar que com a independência virá também
a mudança de regime: a república.
Todavia,
escolheu-se o pior dos caminhos, aquele que se encontra repleto de
incógnitas, clivagens e provavelmente violência. Certezas,
aparentemente, só relativamente à realização de eleições
antecipadas.
Em
contrapartida e praticamente em simultâneo, o Senado espanhol
aprovava a aplicação do artigo 155 que pressupõe a suspensão da
autonomia numa espécie de carta branca para que o Governo espanhol
reponha a legalidade. Novamente o pior dos caminhos, o que se poderá
degenerar em mais divisões e em violência.
Assim,
as questões que se colocam são as seguintes: e se tivesse existido
diálogo? E se Rajoy tivesse deixado cair a intransigência que tem
marcado todo este processo? E se a Europa procurasse ter uma posição
mais activa? Ao invés de escolher também ela o caminho da
intrasigência
e da pusilanimidade?
E
se tivessem ouvido as pessoas?
A
verdade é que existiam caminhos alternativos, existem sempre. O
caminho do diálogo e da negociação – centrais à própria acção
política. Mais autonomia, ausência de repressão, ausência de
intransigência e
o
resultado seria diametralmente oposto.
Agora
vamos esperar pelo pior: pela “oposição democrática” de
Puigdemont que degenera
em desobediência civil,
pela
a
repressão espanhola, pelo
acicatar dos ânimos, pelo
aprofundamento das divisões, pela
violência, e
ainda pela
impossibilidade de sanar diferenças e tratar feridas antigas. No
fim sobram outras certezas:
as
de que
o pior ainda estará para vir e
a de que
ninguém sairá vencedor desta luta.
Comentários