A
vida não estava a ser fácil para a direita, tanto mais é assim que
a própria liderança do PSD acabou por soçobrar às mãos do
sucesso da solução governativa de esquerda e perante o mais
absoluto vazio de ideias.
Depois
da Europa ter abrandado a fome de austeridade (entre outras razões,
ter-se-á apercebido que existem problemas incomensuravelmente mais
graves do que a consolidação das contas públicas de Portugal e
Grécia, sendo o Brexit um bom exemplo dessa enormidade de problemas
com que a Europa se confronta), ter-se registado uma melhoria da
economia mundial, por precária e efémera que seja, e depois ainda
da actual solução governativa ter demonstrado que se podia ter as
contas em ordem sem dar cabo da vida dos cidadãos, a direita viu-se
confrontada com um enorme vazio de ideias, depois de ter aplicado um
enorme aumento de impostos.
A
comunicação social tem a seu cargo o desgaste diário da actual
solução governativa, procurando, quer através da selecção das
notícias, mas também através da opinião, mostrar as fragilidades
da chamada "geringonça". Esta tem sido uma ajuda preciosa
para um direita desnorteada.
Num
dia fatídico, a tragédia abate-se sobre o país e que melhor
oportunidade para desferir o golpe fatal ao Governo de António
Costa. Assim, CDS e PSD (embora claramente fragilizado, ainda tem nas
suas hostes quem consiga espernear), aliados a uma comunicação
social refém dos grandes interesses económicos, jogam todas as
cartas nesta oportunidade, incluindo uma moção de censura.
Todavia,
o vazio de ideias e de estratégia permanece, restando a velha e
gasta cartilha neoliberal cuja aplicação não encontra, neste
momento, as melhores condições.
Quanto
aos partidos mais à esquerda do PS, e pese embora os fracos
resultados autárquicos, sabem que seria pior sair desta solução
governativa, deixando espaço a uma direita que, embora despida de
ideias, não perde energia, como se viu nos últimos dias.
Paralelamente, ainda resta uma incógnita no horizonte: a liderança
do PSD.
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