Ora
aí está uma conjugação de palavras que dará pano para mangas,
pelo menos enquanto a comunicação social assim o desejar. Depois de
mais uma tragédia fruto dos incêndios, vozes se levantam, nos
partidos de direita e na comunicação social, clamando por
responsabilização do Governo, que se consubstanciará na demissão
da ministra e quem sabe do próprio primeiro-ministro.
O
problema é sempre político, embora seja também cultural. O
problema é político, desde logo porque é competência do Estado
salvaguardar a segurança dos seus cidadãos e, no que toca a
incêndios, o Estado falhou, como tem falhado nas últimas décadas.
O que as alterações climáticas têm vindo a produzir tornou esses
falhanços tragicamente mais evidentes. E o Estado falha sobretudo na
divulgação de informação e na fiscalização. Nem tão-pouco olha
com a atenção devida para os negócios que por aí proliferam à
custa da florestaqueimada.
Por outro lado, são conhecidos as más práticas na floresta. A título de exemplo e segundo o Jornal Público, o dia 15, dia que antecedia as prometidas chuvas, foi dia de queimadas, de dia, à noite, e apesar dos perigos. O Estado falhou sobretudo neste particular: não fiscaliza. O resto já sabemos: uma floresta desordenada, construção atabalhoada e incúria.
Por outro lado, são conhecidos as más práticas na floresta. A título de exemplo e segundo o Jornal Público, o dia 15, dia que antecedia as prometidas chuvas, foi dia de queimadas, de dia, à noite, e apesar dos perigos. O Estado falhou sobretudo neste particular: não fiscaliza. O resto já sabemos: uma floresta desordenada, construção atabalhoada e incúria.
Não
compactuo com a ideia de que já deveriam ter sido feitas reformas
nos últimos meses, depois de Pedrogão. Até porque são os próprios
responsáveis pelo relatório independente a dar conta da dificuldade
de implementar reformas em tão pouco tempo.
Mas
se o Estado falhou, não podemos também ignorar que muitos de nós
falham de ano para ano, sendo que esses "falhanços" individuais conhecem uma dimensão trágica em função das alterações
climáticas. Falhamos porque não alteramos hábitos, muitos deles
que se mantém há décadas, gostamos da palavra "prevenção",
mas esperamos que seja os outros a fazê-la. Falhamos e nada se
resolverá se insistirmos em esconder os nossos falhanços.
E
falham também aqueles que fazem aproveitamento político, como é o
caso do CDS, cuja líder, enquanto ministra da Agricultura, deu um
dos mais fortes contributos para a proliferação de eucaliptos, a
tal árvore incendiária.
Quanto
a Marcelo Rebelo de Sousa, esse não falha, desde logo porque não
arrisca dissolver a Assembleia da República - os outros que façam
cair o Governo, designadamente a esquerda. Uma hipótese remota, mas
a realizar-se um verdadeiro deleite para o senhor que substituirá o
Pedro de má memória, também para Marcelo.
Comentários