Incapaz
de ajustar à nova realidade, porque é nesse momento que se
vislumbra o seu fim, Passos Coelho abandona a liderança do PSD,
deixando caminho livre para que das guerras intestinas, perdão
primárias, saia um líder. E a nova realidade foi a total
incapacidade de formar uma maioria parlamentar, deixando espaço a
que António Costa, Jerónimo de Sousa e Catarina Martins se
entendessem.
Dois
anos volvidos, ansioso por um Diabo sob a forma de novo resgate, o
líder do PSD, apesar de não considerar os resultados autárquicos
tão negativos como se chegou “a pintar”, considera ainda assim
não reunir condições para continuar.
Num
discurso para as hostes sociais-democratas, o ainda líder do partido
não deixou cair a sua propensão para a vitimização e para a
incompreensão, relevando, uma vez mais, o facto da comunicação
social não o ter compreendido, mostrando esta apenas aspectos
negativos da sua liderança. Não se chega a perceber de que
comunicação social é que Passos Coelho fala, sendo que, apesar da
quase total irrelevância das suas intervenções e do mais que
evidente vazio de ideias, Passos Coelho teve sempre tempo de antena e
páginas de jornais, profusamente.
Passos
Coelho não deixará saudades. Contribuiu para a chegada da troika,
aproveitando para executar um programa neoliberal que teve custos
incomensuráveis para o país, tudo bem misturado com uma inusitada
dose de mediocridade. Na oposição mostrou-se ressentido e sem rumo,
ansiando pela tragédia e pela desgraça. Não se espera, contudo que
o PSD encontre um líder particularmente melhor, seja ele o insidioso
Rui Rio, o apaniguado de Passos Coelho, Luís Montenegro, o
estranhamente habitual Santana Lopes, ou Paulo Rangel, agora incapaz
de resistir a episódios de puro populismo barato.
Passos
Coelho saiu e não deixa saudades. Mas o futuro próximo não é
particularmente promissor.
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