Falar-se da Venezuela e de democracia
revela-se uma tarefa difícil. Um país que tem uma direita
reacionária, invariavelmente deitada com os negócios de exploração,
e uma esquerda populista, que caiu numa deriva autoritária, vê o
que resta da sua democracia ameaçada de morte.
O Supremo Tribunal do país resolveu
destituir os poderes da Assembleia Nacional – composta
maioritariamente por partidos da oposição -, procurando,
aparentemente, substituir a própria Assembleia Nacional, num acto
que constitui um golpe fatal na democracia do país. Depois do
aumento da contestação interna e externa, o Supremo Tribunal recuou
nas suas intenções, depois do Presidente Nicólas Maduro ter
apelado a essa reversão para que se pudesse manter a “estabilidade
institucional”.
Seja como for, os estragos são
demasiados e esta tentativa do Supremo esvaziar os poderes da
Assembleia Nacional, substituindo-se, é um golpe potencialmente
fatal.
Recorde-se que o país atravessa um
dos seus piores períodos, com a inflação mais alta do mundo (na
ordem dos 700 %) e com metade das famílias a viverem numa situação
de pobreza extrema, com a escassez gritante de bens essenciais.
Repito: a direita do país é
reacionária, afundada numa abjecta promiscuidade com o poder
económico e financeira (interno e externo), mas a esquerda do
falecido Hugo Chavez e agora representada por Nicólas Maduro
atropelam o que resta da democracia, quer com o adiamento por um ano
da escolha de representantes locais e de governadores, quer através
do cerceamento de liberdades fundamentais, quer ainda pela existência
de presos políticos em pleno século XXI. Maduro, à semelhança de
Chávez promove o culto da personalidade, reprimindo e atropelando os
Direitos Humanos. O final desta história cujos protagonistas são,
repito, uma direita reaccionária e promiscua e um Presidente e um
partido que empobrecem o país, sob todos os pontos de vista, não
poderá ser a mais feliz. Infelizmente.
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