Confortavelmente
instalados nos principais canais de televisão, os Velhos do Restelo
de hoje vendem a ideia de que tudo está, obviamente, errado com este
país e, claro está, com o Executivo e Presidente da República.
Ambos já foram colocados no mesmo saco.
Dizem-nos
com razão que a dívida é insustentável, mas rejeitam qualquer
tentativa de negociação; oferecem-nos queixumes em relação ao
fraco crescimento económico, mas por alturas em que Passos Coelho
era primeiro-ministro e o crescimento era risível apenas nos
concediam um silêncio sepulcral; reclamam dos impostos, da
austeridade (criteriosamente escolhida), do marasmo, quando eles
foram os principais promotores do retrocesso.
Ligar
a televisão e dela brotar as palavras de Medina Carreira, Ferraz da
Costa, José Miguel Júdice, Marques Mendes, Gomes Ferreira, António
Costa (o errado), entre outros é o pão nosso de cada dia.
É
por demais evidente que nem tudo vai bem e que o país não se
transformou subitamente num paraíso à face da terra, mas
aparentemente para estes senhores que dominam o espaço público,
tudo isso é uma descoberta recente. No tempo da dupla Coelho/Portas
a salvação de uns em detrimento do castigo de muitos era suficiente
para comprar os seus silêncios.
Não
admira pois que a comunicação social, e não só a escrita,
deambulem pelas ruas da amargura, é que para além de tudo o mais
estes Velhos do Restelo, profetas da desgraça e adoradores do Diabo
que teima em não chegar, não acertam uma para a caixa e muito menos
reconhecem os seus erros que os próprios consideram, acredito eu,
ser a morte do artista. Resistem, apoiados sustentados por uma
comunicação social mercantilista e com agenda própria que
extravasa em absoluto as características que lhe conferiam
confiança. Confiança essa se apaga a cada dia que passa.
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