Sem
nada para dizer, Passos Coelho insiste em proferir o já habitual rol
de vacuidades que amiúde lhe rebentam na cara. Rebentavam -
pretérito imperfeito. Na verdade, hoje já ninguém escuta ou sequer
olha para o ainda líder do PSD.
Ainda
assim, Passos Coelho não desiste. Desta feita acusou o Governo e os
partidos que o suportam no parlamento de terem um discurso dúplice
em relação à União Europeia. A crítica faz sentido sobretudo
vinda de alguém que, na mais inexorável e exasperante ausência de
espírito crítico, bajulou até à exaustão os líderes europeus,
mais concretamente os responsáveis políticos alemães.
Passos
Coelho, no alto da sua sapiência, não concebe que se possa criticar
o contexto a que se pertence; Passos Coelho, nos píncaros da sua
sagacidade, não percebe que o espírito crítico faz parte do
pluralismo democrático e que, na ausência do mesmo, resta o vazio e
a bajulação, como foi o seu propósito durante mais de quatro anos.
Se o PCP sempre foi crítico da UE e da Zona Euro, nada disso é
novidade e não tem sido essa questão em particular a inviabilizar
pontes com o PS; se o Bloco considera a saída do Euro uma
possibilidade, um plano B, criticando os tratados que têm sido,
genericamente, nefastos para o país, nada de novo também neste
particular - o que, uma vez mais, não inviabiliza os entendimentos e
esforços necessários para forçar mudanças que consideram
necessárias. O Partido Socialista, de natureza europeísta, não se
coíbe, no entanto, de proferir críticas àquilo que considera
errado no contexto da UE e da Zona Euro. Uma verdadeira lufada de ar
fresco comparativamente com a atitude de subserviência adoptada por
Coelho e seus acólitos que envergonhava o país, mantendo-se fiel à
necessidade de ser forte com os fracos (internamente) e fraco com os
fortes (externamente).
Pluralidade
e não subserviência, carácter e não cobardia. Os partidos
visados por Passos Coelho mantêm a sua identidade e continuam a
pugnar pelos seus ideários, sem perder a total noção da realidade,
como já aconteceu com Passos Coelho ao acreditar que ainda tem
alguma espécie de futuro à frente dos destinos do PSD e sobretudo
ao acreditar que ainda voltará a ser primeiro-ministro.
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