O
Brexit é facto consumado: o Reino Unido já evocou o famigerado
artigo 50 e todos os procedimentos estão a decorrer para que a saída
efectiva do país se concretize. Por estas páginas já se disse que
se considera o Brexit um erro com consequências manifestamente
negativas para todas as partes envolvidas.
Sendo
certo que as instituições europeias e seus protagonistas não devem
adoptar uma postura nem demasiado condescendente, nem demasiado
rígida, também não é necessário, nem tão-pouco profícuo, que o
Presidente da Comissão se refira à opção britânica ou ao apoio
americano a essa opção como se referiu. Já por demasiadas ocasiões
líderes europeus se referiram ao assunto com uma ligeireza que não
se admite a este nível diplomático.
Para
quem não esteve atento, Jean-Claude Juncker afirmou que se o
Presidente americano está feliz com o Brexit, apoiando
inclusivamente outros Estados-membros no sentido de seguirem o
exemplo do Reino Unido, então ele, Juncker, talvez devesse "promover
a independência do Ohio e de Austin, no Texas".
Ora,
o que é que a UE ganha, objectivamente, com estas palavras
quezilentas? E apesar dos americanos terem optado por colocar um
bronco da pior espécie na Casa Branca, de que forma é que estas
palavras provocatórias contribuem positivamente para as relações
entre UE e EUA?
O
Brexit é um erro cujas consequências ainda mal se sentem, sobretudo
para o próprio Reino Unido. A Administração americana é, ela
própria, uma asneira de dimensões incomensuráveis. Mas ainda
assim, a má educação, as provocações e respostas na mesma moeda
não levarão a Europa a lado nenhum e Juncker deveria sabê-lo.
Comentários