O
Presidente italiano nomeou o ministro dos Negócios Estrangeiros,
Paolo Gentiloni, para o cargo de primeiro-ministro. Paolo Gentiloni
desempenhava até agora funções no Governo de centro-esquerda do
Partido Democrático. O ex-ministro dos Negócios Estrangeiros
aceitou o cargo "com reservas".
Esta
é, evidentemente, uma solução de recurso. Pretende-se assim trazer
alguma estabilidade, mesmo recorrendo a figuras tíbias e sem
legitimidade conferida pelo voto, a um país que tem no seu sistema
financeiro uma verdadeira bomba-relógio prestes a rebentar.
Neste
contexto de profunda instabilidade financeira, seria perigoso
juntar-lhe instabilidade política que, embora seja familiar aos
italianos, não é recomendável nos tempos actuais.
Deste
modo, Sergio Mattarella, Presidente italiano, optou por uma solução
de recurso que permita a Itália respirar um pouco de alívio,
durante algum tempo.
Restam
os partidos da oposição já entretanto ouvidos pelo Presidente, mas
que anseiam por eleições o mais brevemente possível e são estes
partidos que trazem muito pouco ou nenhuma esperança para o futuro
da Europa. Em partidos com o Movimento 5 Estrelas de Beppe Grillo, o
Força Italia de Berlusconi ou a Liga Norte de extrema-direita impera
o euro-cepticismo e uma vontade inelutável de fazer um referendo
sobre a saída do Euro.
As
perspectivas não são as mais famosas, sobretudo se não for
encontrada uma solução, no quadro europeu, para os problemas do
sistema financeiro. Nessa eventualidade que me parece mais uma
inevitabilidade, será a Europa a responsável, uma vez mais, aos
olhos dos italianos. Consequentemente, o agravamento quer da situação
financeira, quer da própria economia acabará por empurrar um
partido mais ou menos populista, mais ou menos de extrema-direita,
mas seguramente anti-Europa, para o governo italiano. É apenas uma
questão de tempo.
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