Avançar para o conteúdo principal

Um ano para esquecer

Para Passos Coelho 2016 foi um ano para esquecer. Contrariamente às suas expectativas, a solução política à esquerda funciona e dá sinais de vitalidade. Sozinho ou mal acompanhado - Maria Luís Albuquerque não conta como boa companhia na medida em que não acerta uma para a caixa, apenas intensifica, com recurso à mentira, o cinzentismo de Passos Coelho  - o anterior primeiro-ministro vive triste com a sua situação e mais triste ficará quando pensa no futuro.
O futuro. Qual futuro? Passos Coelho ainda é líder do PSD porque ninguém ambiciona o seu lugar tendo em conta a actual conjuntura.
De resto, a dita conjuntura não podia ser mais desfavorável. A geringonça, como se disse, funciona. A economia portuguesa não se afundou; o Presidente trabalha e coopera com o Governo e nem as instituições europeias podem valer a Passos Coelho - Merkel e o seu ministro das Finanças encontram-se enfraquecidos; o Brexit e a vitória de Trump atiram a Europa para a insignificância enquanto a mesma Europa não sabe o que fazer com tantas crises. Neste contexto e, contrariamente à expectativas de Passos Coelho, Portugal nunca será um problema aos olhos da Europa confrontada que está com problemas dignos desse nome.

Assim, resta muito pouco a Passos Coelho. Depois de ter apostado na austeridade custe o que custar, depois de ter fechado todas as portas a eventuais negociações e depois de ter insistido em hostilizar o Presidente, Passos Coelho é um homem sem futuro, o que faz de 2017 um muito provável annus horribilis, sobretudo depois das eleições autárquicas. 

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Mais uma indecência a somar-se a tantas outras

 O New York Times revelou (parte) o que Donald Trump havia escondido: o seu registo fiscal. E as revelações apenas surpreendem pelas quantias irrisórias de impostos que Trump pagou e os anos, longos anos, em que não pagou um dólar que fosse. Recorde-se que todos os presidentes americanos haviam revelado as suas declarações, apenas Trump tudo fizera para as manter sem segredo. Agora percebe-se porquê. Em 2016, ano da sua eleição, o ainda Presidente americano pagou 750 dólares em impostos, depois de declarar um manancial de prejuízos, estratégia adoptada nos tais dez anos, em quinze, em que nem sequer pagou impostos.  Ora, o homem que sempre se vangloriou do seu sucesso como empresário das duas, uma: ou não teve qualquer espécie de sucesso, apesar do estilo de vida luxuoso; ou simplesmente esta foi mais uma mentira indecente, ou um conjunto de mentiras indecentes. Seja como for, cai mais uma mancha na presidência de Donald Trump que, mesmo somando indecências atrás de indecências, vai fa

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação e Trump é o ma

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa