Ontem
foi o dia da tomada de posse de António Guterres como
Secretário-Geral das Nações Unidas. A partir de agora Guterres
terá uma multiplicidade de desafios, eventualmente mais gravosos do
que aqueles que os seus antecessores tiveram que enfrentar, sobretudo
comparativamente com aquele que agora cessa funções.
Para
além dos desafios óbvios e recorrentes, como a instabilidade no
Médio Oriente, a Rússia e os conflitos em África, Guterres
depara-se com outras dificuldades como a crise dos refugiados, a
inesperada vitória de Trump e as alterações climáticas e as suas
cada vez mais frequentes consequências.
A
crise dos refugiados, em larga medida indissociável da guerra na
Síria, e o hermetismo e relutância de muitos países europeus na
aceitação desses refugiados, representam um incomensurável desafio
da nova liderança da ONU. A experiência de Guterres, creio eu, será
importante, mas estará naturalmente longe de abrir portas que se
recusam em ser abertas. A ausência de poder executivo inviabiliza
soluções e a diplomacia nem sempre provoca os efeitos necessários.
Por
outro lado, a inesperada vitória de Trump e uma eventual mudança na
política externa americana, cujos sinais já são visíveis, em
particular com a questão de Taiwan e o mal-estar criado pelo
Presidente ainda não empossado com a China, criará dificuldades
adicionais a Guterres. Há todo um mundo de perigosas possibilidades
que se abrem com a vitória de Trump.
Finalmente,
o mais importante: o clima. Assunto desprezado pelo maior poluidor,
os EUA, assunto premente para todos, mas secundarizado ou até
ridicularizado pelo poder político e económico. As Nações Unidas,
e por inerência António Guterres, necessitam de fazem desta questão
do ambiente o centro das suas iniciativas, sobretudo agora que Trump
entra na equação. O relógio não pára e as consequências das
alterações climáticas revelam-se em todo o seu esplendor de forma
mais rápida do que se esperaria.
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