Avançar para o conteúdo principal

Um mundo mais instável

Todos anseiam pelo fim de 2016, mas não estou tão certa assim que outros tantos, no sentido diametralmente oposto, anseiem pelo início de 2017. 
O ano que agora se aproxima do fim não deixará saudades, pelo menos a avaliar pelas conjunturas internacionais. Senão vejamos:
- A UE mostra-se incapaz de recuperar o que quer que seja do projecto europeu, mantendo-se longe dos cidadãos, entregue a políticos medíocres e a tecnocratas acéfalos. A crise dos refugiados apenas veio tornar mais visível as debilidades europeias e a quase total ausência de coesão. A Zona Euro, por sua vez, mantém-se à tona da água com a ajuda preciosa do BCE, sem que alguém arrisque qualquer espécie de viabilidade para a mesma.
- O Brexit, para além de ter contribuído para o aumento da instabilidade no seio da Europa, traz consigo todo um mundo de incertezas e revela que por muito pouco os cidadãos fazem escolhas com o claro objectivo de mostrar o seu desagrado relativamente a questões colaterais e que nada tem a ver com a natureza dos referendos.
- Por falar em descontentamento, este pode dar origem a vitórias como aquela que surpreendeu o mundo: Donald Trump será, em 2017, Presidente da maior potência mundial, colocando em causa tudo, incluindo a actual ordem mundial. Depois desta vitória torna-se impossível acreditar que 2017 será melhor do que este ano que agora se aproxima do fim.
- Síria. O Ocidente lava as mãos como se estivesse de alguma forma inocente e nenhuma relação tivesse com os "rebeldes" na Síria, terroristas no resto do mundo. A Rússia sai em apoio de Bashar al-Assad vencendo importantes batalhas e, preparando-se para exercer um domínio maior numa das regiões mais importantes do ponto de vista energético.
2016 foi um ano difícil. A ver vamos se 2017 lhe faz concorrência.



Comentários

Mensagens populares deste blogue

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa...

Direitos e referendo

CDS e Chega defendem a realização de um referendo para decidir a eutanásia, numa manobra táctica, estes partidos procuram, através da consulta directa, aquilo que, por constar nos programas de quase todos os partidos, acabará por ser uma realidade. O referendo a direitos, sobretudo quando existe uma maioria de partidos a defender uma determinada medida, só faz sentido se for olhada sob o prisma da táctica do desespero. Não admira pois que a própria Igreja, muito presa ao seu ideário medieval, seja ela própria apologista da ideia de um referendo. É que desta feita, e através de uma gestão eficaz do medo e da desinformação, pode ser que se chumbe aquilo que está na calha de vir a ser uma realidade. Para além das diferenças entre os vários partidos, a verdade é que parece existir terreno comum entre PS, BE, PSD (com dúvidas) PAN,IL e Joacine Katar Moreira sobre legislar sobre esta matéria. A ideia do referendo serve apenas a estratégia daqueles que, em minoria, apercebendo-se da su...

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação ...