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Conflito na Síria

A complexidade do conflito na Síria ganha nova notoriedade com a situação em Alepo. Se por um lado não se encontra um laivo de moralidade nas partes envolvidas no conflito e se reconheça que essa moralidade anda amiúde alienada das intenções das partes envolvidas numa guerra; por outro lado, a complexidade e diversidade, patentes sobretudo entre as forças rebeldes, não ajudam a perceber o conflito.
A comunicação social mostra-se pouco interessada em fazer o seu trabalho informativo. Para se abordar um tema de tal complexidade é necessário antes de mais contexto. Ao invés, as televisões despejam imagens da tragédia, frequentemente sem qualquer contexto ou com recurso a informações não fidedignas. 
Alguns já questionam e procuram aferir por que razão os civis não abandonaram Alepo quando as armas se calaram. Outros avançam que terá sido o Irão a complicar a saída de civis da cidade. Onde está a verdade? Do lado daqueles que são apoiados pela Arábia Saudita?
Numa situação de particular complexidade, reina afinal a informação avulsa e pouco fidedigna enquanto muitos líderes mundiais manifestam a sua preocupação. Quando se armou as partes envolvidas, quando se apoiou rebeldes com claras indicações de serem fundamentalistas, essas preocupações foram substituídas pelos argumentos dos negócios e por interesses geo-políticos. Agora estamos todos chocados e preocupados. 
Vamos precisar de tempo para perceber a verdadeira natureza deste conflito e o papel dos intervenientes. Entretanto, as imagens não mentem: Alepo e outras cidades sírias vivem uma verdadeira tragédia humanitária. 



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