Por
momentos o terrorismo, o fundamentalismo religioso e o famigerado
Daesh e associados deixaram de parecer tão maus quanto isso. A
julgar pelo que se lê e se ouve na comunicação social apenas
Bashar al-Assad, os russos e os iranianos são os maus da fita.
Por
momentos, o terrorismo passou a ser designado por "rebeldes",
alheados do pior que se passa em Alepo - responsabilidade exclusiva
de Bashar al-Assad.
É
certo que Assad não é outra coisa que não um déspota que, quando
ameaçado, revela toda a sua prepotência, manifestando mesmo um
indisfarçável desprezo pela vida dos concidadãos. Mas também é
certo que os tais "rebeldes" muitos deles com ligações ao
Daesh (mesmo entre os apelidados de moderados não se podem ignorar
algumas simpatias) foram apoiados, inclusivamente do ponto de vista
militar, por países como os EUA e países europeus. Enquanto se
diabolizava o Daesh para consumo interno, apoiava-se simultaneamente
grupos sunitas com ligações a esse mesmo Daesh ou à al-qaeda.
De
resto, a origem desta guerra não pode ser dissociada do acesso aos
recursos naturais da região, nem tão-pouco quer da guerra entre
sunitas e xiitas ou até dos interesses amiúde contraditórios dos
EUA e da Rússia.
Por
outro lado, importa referir a dificuldade que existe em aferir os
reais acontecimentos em Alepo. Com efeito, não existem condições
objectivas para a própria comunicação social trabalhar, o que não
tem impedido a mesma de proferir afirmações muito longe de poderem
ser confirmadas, curiosamente afirmações que culpabilizam Bashar
al-Assad e seus aliados.
Resta
saber se com a queda de Alepo se assiste a uma fragilização do
Daesh, embora existam notícias que dão conta do regresso deste
grupo à cidade de Palmira, entretanto recuperada pelas forças
governamentais com o apoio russo.
Seja
como for, por momentos, aqueles que são considerados facínoras e
responsáveis por atrocidades em solo ocidental, não são assim tão
maus quando cometem essas atrocidades em território não ocidental.
Por
momentos. A ver vamos se o assassinato do embaixador russo em Ancara
e o atropelamento de dezenas de pessoas em Berlim quebram esses
momentos.
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