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Retrocesso ambiental

Entre os inúmeros retrocessos prometidos por Trump, sobretudo de natureza civilizacional, talvez um dos mais inquietante - é difícil escolher - seja o ambiente. Depois de ter alegado que as alterações climáticas são invenção da China, Trump parece ter dado o dito pelo não dito, já enquanto Presidente eleito. Contudo, escolheu para a pasta do ambiente, chamemos-lhe assim, alguém que recusa com toda a veemência a questão das alterações climáticas.
Com Obama foram dados alguns passos - tímidos, é certo - para combater e evitar uma tragédia para a humanidade. De resto, já são notórias as consequências das temperaturas médias e não há como negá-lo e na Cimeira de Paris os líderes de países como os EUA e a China deram boas indicações, quer de reconhecimento do problema quer no que diz respeito a acções concretas.
No entanto, aproximam-se quatro anos de Trump, coadjuvado por quem parece perfilhar ideias absolutamente surreais, em todas as áreas, incluindo obviamente a área do ambiente. Para agravar a situação, o jornal "The Guardian" dá conta que esta administração que se prepara para tomar posse contará com o maior número de lobbistas de que há memória. Esses grupos de pressão representam convenientemente o petróleo, armamento e tabaco, só para dar alguns exemplos arrepiantes. Para quem se apresenta anti-establishment, não poderia ser mais establishment na pior acepção da palavra.

Apesar de tudo, o resto do mundo não pode abrandar o combate às alterações climáticas, não podemos ser tão obtusos ao ponto da extinção. Trump é assim tão obtuso, quem o rodeia partilha níveis iguais ou superiores de obtusidade. O resto do mundo não pode sê-lo, sob pena de todos pagarmos a fatura mais alta da História da humanidade. Este é um retrocesso a que não nos podemos dar ao luxo.

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