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E assim se vai matando a credibilidade

A credibilidade, é sabido, constrói-se, sendo naturalmente o seu inverso também verdade. Vem isto a propósito da decisão do Tribunal Constitucional sobre as subvenções vitalícias para titulares de cargos políticos.
Recorde-se que o OE 2015 prevê a suspensão total das subvenções vitalícias a políticos que tenham um rendimento mensal superior a 2000 euros. Insatisfeitos, 30 deputados assinaram um requerimento pedindo que a norma fosse fiscalizada pelo Tribunal Constitucional. Quem são esses deputados? Inicialmente não se sabia, ninguém parecia disposto a dar a cara pelo requerimento. Depois de conhecida a lista, verificou-se que esta é composta por "ilustres" do PS e do PSD. Maria de Belém que até à divulgação da lista agiu como se mantivesse uma natural equidistância, afinal consta da lista de signatários. E Passos Coelho tentou ressuscitar as subvenções, mas terá contado com oposição interna.
É evidente que esta reversão tem custos que vão para além do 10 milhões ao erário público. É a credibilidade dos actores políticos que sai, novamente, beliscada, isto para utilizar um eufemismo.

São também estas medidas que dão força à ideia de que os políticos são todos iguais, que pertencem a uma casta, agindo em função da protecção deles próprios e dos seus grupos de interesse. Porém, os políticos estão longe de ser todos iguais e o mesmo passa com os partidos. A título de exemplo fica a posição veementemente contra a devolução das subvenções com retroactivos, quer por parte do Bloco de Esquerda quer por parte do PCP. Trata-se essencialmente de uma questão moral.

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