Avançar para o conteúdo principal

Toxicidade

Pedro Passos Coelho, ex-primeiro-ministro de má memória, disse em entrevista que o apoio do PSD não é tóxico para Marcelo e acrescentou a razão que subjaz ao apelo aos eleitores do PSD para que votem em Marcelo: Marcelo tem “da função presidencial uma noção institucional que não difere, na sua natureza, daquela que tem sido a interpretação do professor Cavaco Silva”.
Se por um lado suspeitava-se da toxicidade do apoio de Passos Coelho a Marcelo, por outro o ex-primeiro-ministro veio corroborar essa mesma toxicidade comparando a candidato Marcelo Rebelo de Sousa ao ainda Presidente Cavaco Silva. Dir-se-á que se trata de uma similitude meramente institucional, mas as questões institucionais são nucleares para o cargo de Presidente da República.
Louvo Passos Coelho pela sinceridade das palavras e pelo contributo para um esclarecimento que se impõe. Ficamos assim a saber que Marcelo partilha a mesma visão institucional que Cavaco Silva. E o que partilharão mais, para além da dita visão institucional e para além ainda de uma vacuidade indisfarçável? 
Para aqueles que acreditam na necessidade de revitalizar o cargo de Presidente da República, depois destes dez anos de Cavaquismo decrépito, lembrem as palavras de Pedro Passos Coelho, reforçando as semelhanças entre Marcelo Rebelo de Sousa e Cavaco Silva.

Nota: Ramalho Eanes também achou por bem estabelecer semelhanças entre o candidato que apoia, Sampaio da Nóvoa, e Cavaco Silva. Um exagero de retórica, esperemos, e um óbvio constrangimento para o próprio Sampaio da Nóvoa.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Mais uma indecência a somar-se a tantas outras

 O New York Times revelou (parte) o que Donald Trump havia escondido: o seu registo fiscal. E as revelações apenas surpreendem pelas quantias irrisórias de impostos que Trump pagou e os anos, longos anos, em que não pagou um dólar que fosse. Recorde-se que todos os presidentes americanos haviam revelado as suas declarações, apenas Trump tudo fizera para as manter sem segredo. Agora percebe-se porquê. Em 2016, ano da sua eleição, o ainda Presidente americano pagou 750 dólares em impostos, depois de declarar um manancial de prejuízos, estratégia adoptada nos tais dez anos, em quinze, em que nem sequer pagou impostos.  Ora, o homem que sempre se vangloriou do seu sucesso como empresário das duas, uma: ou não teve qualquer espécie de sucesso, apesar do estilo de vida luxuoso; ou simplesmente esta foi mais uma mentira indecente, ou um conjunto de mentiras indecentes. Seja como for, cai mais uma mancha na presidência de Donald Trump que, mesmo somando indecências atrás de indecências, vai fa

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação e Trump é o ma