Perdi
a conta das vezes que escolhi como tema a democracia e o pluralismo
fruto do debate de ideias, o que não deixa de ser curioso. Desta
feita volto à democracia e ao pluralismo, designadamente à sua
indissociabilidade, a propósito das presidenciais.
À
indolência da comunicação social, juntam-se comentadores como
Marques Mendes que acumula funções de vidente. Marques Mendes, num
dos seus magníficos momentos de clarividência, duvida que venha a
existir uma segunda volta isto porque as pessoas estão cansadas e
vão querer despachar tudo à primeira, como se a democracia fosse
uma coisa para despachar. Aliás, o antigo Presidente do PSD para
além de saber o que vai na cabeça de cada um de nós, acredita
também que as pessoas estão cansadas de eleições e, por
conseguinte, vão despachar tudo à primeira.
Todavia
e abono da justiça, o social-democrata (?) ressalva o facto da sua
análise não possuir qualquer fundamento científico, nem tão pouco
se tratar de uma análise "rigorosa". Vamos conjecturar,
apostando na crença da existência de uma estupidez generalizada. É
assim que se vai fazendo comentários políticos em Portugal.
Existe
porém um desprezo reiterado pela democracia e pelo pluralismo que
lhe é inerente. Tudo está decidido, não existe pois a necessidade
de debater ideias. Promove-se a indolência mental e fundamentam-se
as análises e os comentários numa espécie de estupidez
transversal. Democracia e pluralismo são, paradoxalmente, palavras
vazias para quem faz opinião.
Comentários