Avançar para o conteúdo principal

Cenários longe da tragédia anunciada

Já por aqui abordámos as potenciais dificuldades que o Governo de António Costa enfrentará. Está na altura de exercitarmos uma tentativa de vislumbre dos pontos positivos que podem favorecer o Governo que agora inicia funções.
Os acordos entre as esquerdas e a sua necessária solidez são um factor essencial para a estabilidade de futuro deste Governo. Os primeiros sinais são positivos - a união no Parlamento existe, quer em matérias de adopção ou o fim dos exames no quarto ano. Sendo certo que os principais desafios estão ainda por ser ultrapassados, não deixa de ser relevante o consenso já revelado pelas esquerdas - o que significa um aspecto positivo e determinante. Este cenário é também interessante para a própria democracia: um governo que necessita de constante negociação; um Parlamento com uma importância que havia sido entretanto esquecida.
Por outro lado, os factores externos: a começar pelas baixas taxas de juro. 2015 foi um ano excepcional e apesar da volatilidade inerente a estas questões, tudo indica que a tendência se manterá. E o BCE não tem emitido sinais que indiciam alterações às suas políticas e pelo menos até ao momento não há sinais negativos.

Por outro lado ainda, a procura por parte do governo francês e italiano de um alívio no garrote orçamental pode eventualmente ser uma boa notícia para Costa e para Portugal. Aliás, será neste e noutros aspectos europeus que importa ter representantes políticos nacionais que compreender e procuram o melhor para o seu país. De resto, Passos Coelho e companhia não o compreenderam, nem nunca fizeram essa procura. Bem pelo contrário, sempre preferiram o colo de Shaüble, mesmo que isso implicasse consequências desastrosas para o nosso país.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Mais uma indecência a somar-se a tantas outras

 O New York Times revelou (parte) o que Donald Trump havia escondido: o seu registo fiscal. E as revelações apenas surpreendem pelas quantias irrisórias de impostos que Trump pagou e os anos, longos anos, em que não pagou um dólar que fosse. Recorde-se que todos os presidentes americanos haviam revelado as suas declarações, apenas Trump tudo fizera para as manter sem segredo. Agora percebe-se porquê. Em 2016, ano da sua eleição, o ainda Presidente americano pagou 750 dólares em impostos, depois de declarar um manancial de prejuízos, estratégia adoptada nos tais dez anos, em quinze, em que nem sequer pagou impostos.  Ora, o homem que sempre se vangloriou do seu sucesso como empresário das duas, uma: ou não teve qualquer espécie de sucesso, apesar do estilo de vida luxuoso; ou simplesmente esta foi mais uma mentira indecente, ou um conjunto de mentiras indecentes. Seja como for, cai mais uma mancha na presidência de Donald Trump que, mesmo somando indecências atrás de indecências, vai fa

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação e Trump é o ma

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa