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Conjecturas

A indefinição do Presidente da República, aliada a uma exasperação e desespero da direita, resulta numa profusão de conjecturas. Todos especulam, todos arriscam exercícios de futurologia, todos caem em profecias inconsequentes, desde o governo de gestão, passando pela indigitação de António Costa e culminando num hipotético Governo de iniciativa presidencial.
Cavaco Silva preferiu a indefinição, escolheu uma retórica nada adequada a um Presidente da República e, pelo menos na Madeira, tentou mostrar a sua boa disposição quer com douradas, quer com bananas, o que é próprio de alguém que perdeu por completo o pouco respeito que tem pelos cidadãos. Tudo para proteger os seus apaniguados – os mesmos que aldrabam compulsivamente - veja-se a questão da sobretaxa. Pura aldrabice,
Já resta pouco a dizer deste Presidente que não acabará o seu mandato com qualquer dignidade, mas antes com o raciocínio tolhido pelas suas preferências, caindo invariavelmente no ridículo de colocar os seus preconceitos à frente da própria democracia, sempre apostado em ouvir uma minoria, deixando uma vasta maioria fora dos seus patéticos planos. Ouviu empresários, banqueiros, consultoras e esqueceu que o povo já falou no dia 4 de Outubro – o resultado está na configuração da Assembleia da República.

Ouviu-se e viu-se de tudo durante as semanas subsequentes às eleições; arrisco dizer que estamos todos saturados de ouvir tantas vozes perdidas num mar de asneiras. Tudo começou com o Presidente. Com efeito, pouco tem restado para além das conjecturas.

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