Se
tudo correr de acordo com o previsto, o Executivo de Passos Coelho
tem os dias contados. Não surpreende, afinal de contas perderam a
maioria na AR e foram demasiados anos de arrogância, prepotência,
ignomínia e incompetência. Com efeito, tudo indicaria ser
impossível ter saudades do Governo apoiado na coligação PàF. E
estranhamente parece não ser bem assim, de resto há um aspecto a
ter em conta: poucos governos terão caído tantas vezes no ridículo
como este que agora aparentemente se aproxima do fim.
E
quando pensávamos que a política não podia ser mais divertida, é
então que aparece Calvão da Silva, novo ministro da Administração
Interna, uma espécie de beato, apologista de referências medievais
("forças demoníacas" é simplesmente delicioso), uma
espécie de figura anacrónica, tudo menos uma espécie de
representante do Estado. As pressas e as negas a que Passos Coelho se
sujeitou deram nisto. Ou seja, tudo isto prometia, não fosse a curta
vida do Governo.
As
saudades resumem-se a isto, é certo que não é muito
comparativamente com o trabalho de destruição do país que
seguramente não deixa muito espaço a quaisquer sentimentos
saudosistas. Para quem se dedica às palavras com o objectivo de
comentar a actualidade política, fica um sentimento de vazio, porque
afinal de contas pior impossível, e como se sabe, o ridículo dá
pano para mangas para quem escreve, mesmo para quem não se dedica a
um registo humorístico.
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