Avançar para o conteúdo principal

Dificuldades

Depois da tomada de posse do XXI governo constitucional liderado por António costa, ninguém estará seguramente à espera de facilidades e muito menos o próprio. Desde logo continuamos a não enfrentar os elefantes na sala: a Europa, a Zona Euro, a dívida. Os partidos (com algumas excepções) evitaram fazê-lo na campanha eleitoral. Com efeito, o nosso destino não está, como se sabe, inteiramente nas nossas mãos, muito longe disso. Todavia, a mudança de postura do Governo português nas instâncias europeias será um desenvolvimento importante que terá consequências opostas às que temos conhecido. Pelo menos, deixaremos de ver os nossos representantes políticos apostados em alinhar com a Alemanha no esmagamento de países, como se passou com a Grécia. Não estou a ver Mário Centeno ou António Costa sentarem-se ao colo de Shaüble.
Mas as dificuldades também se sentirão por cá. Desde logo com a comunicação social - tão próxima da direita. Não me parece plausível assistir a uma mudança acentuada na forma como a comunicação social, de um modo geral, tem abordado as questões políticas e dificilmente se abandonará a dualidade de critérios a que nos têm habituado. Por outro lado, Costa não se livrará do que para aí vem, a começar pelo grave problema do BES, aliado a outros eventuais problemas do sector financeiro português. E quantas outras surpresas o esperam?
Por último, a nossa resiliência à mudança. Tememos a mudança, acreditamos invariavelmente que a mudança acarreta cenários negativos. Preferirmos amiúde uma solução má, mas conhecida, do que uma solução potencialmente positiva, mas desconhecida. Esse medo da mudança e do desconhecido é verdadeiramente um entrave, uma força de bloqueio que nos prejudica incomensuravelmente. Platão dizia que a tragédia dos homens é quando têm medo da luz. Nós por cá parecemos viver bem com a escuridão conhecida, como vivemos nestes últimos quatro anos. E como se sabe, a escuridão é o habitat natural da ignorância.
Não, não creio que Pedro Passos Coelho e Paulo Portas possam trazer dificuldades ao novo Governo, como já aqui referi a mediocridade enfatuada não permite que se possa empreender um grande trabalho na oposição. Quanto ao Presidente Cavaco Silva, os seus dias na Presidências estão, felizmente, a chegar ao fim. As dificuldades do novo Governo são indiscutivelmente outras.


Comentários

Mensagens populares deste blogue

Mais uma indecência a somar-se a tantas outras

 O New York Times revelou (parte) o que Donald Trump havia escondido: o seu registo fiscal. E as revelações apenas surpreendem pelas quantias irrisórias de impostos que Trump pagou e os anos, longos anos, em que não pagou um dólar que fosse. Recorde-se que todos os presidentes americanos haviam revelado as suas declarações, apenas Trump tudo fizera para as manter sem segredo. Agora percebe-se porquê. Em 2016, ano da sua eleição, o ainda Presidente americano pagou 750 dólares em impostos, depois de declarar um manancial de prejuízos, estratégia adoptada nos tais dez anos, em quinze, em que nem sequer pagou impostos.  Ora, o homem que sempre se vangloriou do seu sucesso como empresário das duas, uma: ou não teve qualquer espécie de sucesso, apesar do estilo de vida luxuoso; ou simplesmente esta foi mais uma mentira indecente, ou um conjunto de mentiras indecentes. Seja como for, cai mais uma mancha na presidência de Donald Trump que, mesmo somando indecências atrás de indecências, vai fa

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação e Trump é o ma

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa