Uma
eventual solução governativa de esquerda terá de contar,
invariavelmente, com a comunicação social mais ideologicamente
comprometida de que há memória. Esse comprometimento é visível há
muito tempo, mas tornou-se escandaloso quer na campanha eleitoral,
quer nos dias que se seguiram à desilusão de não ver uma maioria
absoluta da direita.
Se
dúvidas persistem, recomenda-se alguma atenção a Francisco Assis.
Este "socialista" tem todo o direito a discordar do rumo
seguido por António Costa - o pluralismo, de resto, é apanágio das
democracias -, mas existe também alguma dificuldade em compreender
toda a atenção que o senhor em questão tem merecido. Francisco
Assis, uma figura pouco relevante na cena política portuguesa, é
agora o menino mais do que querido de boa parte da comunicação
social.
É
escusado relembrar a multiplicidade de jornalistas, comentadores e
afins que estão comprometidos com o ainda governo. Mas será uma
opinião diversa da manifestada pela direcção dos partidos de
esquerda que contará com todas as atenções da comunicação
social. Chegámos ao ponto de ter um país em que Presidente da
República e comunicação social anseiam e promovem a cisões
internas dos partidos de esquerda.
A
democracia enfraquece perante uma comunicação social deslumbrada
ideologicamente. Mas o facto é que a democracia tem sido
enfraquecida por aqueles que juram defendê-la. Por conseguinte,
resta muito pouco a dizer.
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