Agora
que a queda se precipita, sentimo-nos impelidos a olhar em
retrospectiva. Assim, confesso que no meio de tanto texto opinativo
cometi uma injustiça ao afirmar que tudo o que saía deste Governo
era forçosamente negativo. Afinal de contas, este Governo de Passos
Coelho e Paulo Portas que agora conhece o seu fim serviu para alguma
coisa: serviu para unir a esquerda, como não se viu em décadas.
Este é o grande legado de Passos Coelho e de Paulo Portas. Por
conseguinte, é injusto afirmar que estes senhores não serviram para
nada. Serviram e de que maneira.
Pauto-me
por princípios elementares de justiça e quando cometo alguma
injustiça só conheço paz de espírito se me retratar. Ora, servem
estas linhas para o efeito. Peço desculpa por ter afirmado que
Passos Coelho e Paulo Portas não serviram para nada de construtivo.
Serviram e, desse ponto de vista, só desse, não exageremos,
estou-lhes infinitamente grata.
Graças
à sua mediocridade, à sua ignomínia, à sua incompetência e à
sua eterna arrogância, PS, PCP, PEV e BE uniram-se. Graças a Pedro
Passos Coelho e Paulo Portas, a política conheceu um novo impulso.
Por isso, os meus sinceros agradecimentos. Por isso, Pedro e Paulo, o
meu muito obrigada. E já agora, Cavaco Silva, o meu também
agradecimento por ter proferido aquele discurso insidioso que ajudou
a unir o que parecia estar eternamente desunido.
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