Paulo Portas anunciou ontem o guião para a reforma do Estado - um filme prometido há muito tempo, mas ainda por ver. Uma das medidas é a inscrição da "regra de ouro" que limita o endividamento na Constituição. Uma medida que agradará às hostes alemãs, mas que necessita da concordância do PS. Outras medidas são, tal como a regra de ouro, mais do mesmo: redução de funcionários públicos com a promessa de que os que ficarem terão melhores remunerações; entrega para as mãos de privados do que pouco que resta do Estado. A justificação também não é nova: o actual Estado Social não é sustentável, e não será com a iniquidade fiscal permitida pelos sucessivos governos e por uma Europa nas mãos do sector financeiro. A reforma de Paulo Portas não traz nada de novo, até porque a ideologia que subscreveu não prima pela imaginação. Trata-se de uma reforma que pretende acabar aquilo que outros já começaram: tornar o Estado verdadeiramente exíguo. Haverá quem ganhe com essa exigu...
Para a construção de uma sociedade justa e funcional é necessário que a política e que os políticos se centrem na consolidação de três elementos: a protecção do ambiente, o bem-estar social com a necessária eficácia económica e a salvaguarda do Estado democrático. No entanto, estamos a falhar clamorosamente o primeiro objectivo, o que faz com tudo o resto seja inexoravelmente sem importância.