Depois de na quinta-feira, o ministro Paulo Portas ter afirmado que
não havia lugar a mais austeridade, no domingo subsequente sabe-se que o
Governo se prepara para cortar nas pensões de sobrevivência.
Já
todos percebemos que este Governo tem uma vocação para atacar os mais
fracos. Já todos percebemos que a mentira tem perna curta e que, no caso
em apreço, vai de quinta-feira a domingo.
Mesmo se
tratando de uma medida que visa pensionistas que acumulam pensões, é
importante relembrar que muitos pensionistas (uma vasta maioria) somam
um pensão de miséria a outra pensão de miséria. Assim como importa
recordar que esta é mais uma medida retroactiva, com o objectivo de poupar de cem milhões de euros.
Com efeito, estas medidas já não raiam a imoralidade; mas antes se afundam na mais abjecta e profunda imoralidade.
Registe-se
o seguinte paradoxo: para quem evoca a moralidade, ou a falta dela,
associada à culpa - "vivemos acima das nossas possibilidades" ou "temos
de trabalhar mais", pressupondo que no passado fomos uns indolentes -,
as medidas adoptadas pelo Executivo de Passos Coelho ficam a dever e
muito à "atitude e actuação em matéria de moral de um indivíduo ou de uma sociedade".
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