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Mudança

Há um facto da campanha eleitoral para o cargo de Presidente da República que é indesmentível: a falta de qualidade das várias candidaturas. Importa também sublinhar as limitações inerentes ao cargo de Presidente da República. Ainda assim, tudo indica que a mudança não parece fazer parte do vocabulário de muitos Portugueses.
Não deixa de ser curioso assistir ao constante chorrilho de queixas de muitos cidadãos, muitos dos quais rejeitam a mudança.
Estas eleições, ao que tudo indica, tem um vencedor anunciado. A possibilidade de uma reeleição é assaz significativa. Ora, voltamos ao mesmo. Quando os cidadãos têm uma oportunidade de mudar, voltam a insistir nas mesmas pessoas que estão na política há largas décadas, com responsabilidades evidentes no estado periclitante do país; insistem na mesma pessoa que durante estes cinco anos tudo fez para passar incólume aos acontecimentos, reduzindo a sua intervenção à mais absoluta insignificância com o objectivo claro de ser reeleito; alguém que não explica o que deve ser explicado. Insistimos em políticos que julgam estar acima das explicações devidas aos cidadãos.
Por conseguinte, e apesar das limitações constitucionais do cargo de Presidente da República, é paradoxal assistir-se a um descontentamento amiúde latente, mas simultaneamente apostar-se na permanência do erro. Este país é realmente um país de incongruências.

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