Não há como negar: a UE, transformada que está numa torre de Babel
em que ninguém se entende, é o palco ideal para o recrudescimento do
fascismo. Entre acusações mútuas, o facto é que perante a inexistência
de políticas comuns e consensos em torno de questões sensíveis como o
acolhimento de refugiados, sobra o discurso populista e xenófobo. Em
suma, o discurso do medo que a Europa já tinha mais do que obrigação de
conhecer.
Na verdade a UE esteve demasiado tempo empenhada em
castigar os Estados-membros considerados pouco cumpridores das regras
económicas draconianas, designadamente aqueles que fazem parte da Zona
Euro. Entrementes, o eurocepticismo ganhou proporções nunca vistas,
fazendo com que o que resta do projecto europeu não passe de uma anedota
velha e esgotada.
No espaço vazio deixado por aqueles
considerados políticos convencionais, regressou o populismo em todo o
seu esplendor. Tudo, claro está, perante a inépcia das instituições
europeias.
Agora os tais "incumprimentos" por parte dos países
do Sul, acompanhados de uma miríade de exercícios de humilhação e de
superioridade, parecem uma questão absolutamente irrelevante se os
compararmos ao rápido crescimento do fascismo.
Perante este
cenário, a UE mostra-se desorientada e sem capacidade de acção, com
vários países a dirigirem invectivas a outros Estados-membros -
ingrediente essencial para o fortalecimento dos vários movimentos
fascistas que crescem por essa Europa fora.
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