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A cacofonia do PSD

A última semana ofereceu-nos mais um sinal de um PSD desorientado e entregue a uma particularmente audível cacofonia. E no meio da confusão está precisamente o recentemente eleito líder Rui Rio.
Por um lado verificou-se falta de sintonia no que diz respeito à posição do partido sobre a luta dos professores. Por outro, essa falta de sintonia ainda é mais visível relativamente ao que deve o PSD fazer se os partidos de esquerda falharem um entendimento quanto ao próximo Orçamento de Estado.
Finalmente, a posição da bancada parlamentar do PSD relativamente à questão dos combustíveis foi outro pomo de discórdia, com Rui Rio visivelmente desagradado com a votação da redução do imposto sobre os combustíveis.
Depois deste contexto, torna-se por demais evidente que Rui Rio está longe de ser o líder mais ou menos consensual que o partido necessitava. De resto, anda meio-mundo preocupado com a saúde e futuro da “geringonça”, esquecendo-se de olhar para o estado de saúde do maior partido da oposição.
Já por aqui se escreveu que Rio é um líder de transição e também já por aqui se postulou a hipótese do PSD estar demasiadamente refém dos neoliberalismo de pacotilha inaugurado por Pedro Passos Coelho.
Nestas condições, torna-se demasiado intrincado para Rui Rio conseguir o que quer que seja com o partido. Ora, e como também já tinha percebido com a questão da eutanásia, a bancada do partido está muito longe de Rui Rio.
Nestas condições, resta muito pouco ao actual líder. Quanto aos outros, sobretudo aqueles que esperam pelo Messias, há sempre esperança de um regresso de Passos Coelho ou, em alternativa, qualquer coisa semelhante ao ex-líder do Partido. Na verdade, não é particularmente difícil encontrar quem possa preencher um lugar marcado pela mais indisfarçável mediocridade. Medíocres há muitos.

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