Avançar para o conteúdo principal

A cacofonia do PSD

A última semana ofereceu-nos mais um sinal de um PSD desorientado e entregue a uma particularmente audível cacofonia. E no meio da confusão está precisamente o recentemente eleito líder Rui Rio.
Por um lado verificou-se falta de sintonia no que diz respeito à posição do partido sobre a luta dos professores. Por outro, essa falta de sintonia ainda é mais visível relativamente ao que deve o PSD fazer se os partidos de esquerda falharem um entendimento quanto ao próximo Orçamento de Estado.
Finalmente, a posição da bancada parlamentar do PSD relativamente à questão dos combustíveis foi outro pomo de discórdia, com Rui Rio visivelmente desagradado com a votação da redução do imposto sobre os combustíveis.
Depois deste contexto, torna-se por demais evidente que Rui Rio está longe de ser o líder mais ou menos consensual que o partido necessitava. De resto, anda meio-mundo preocupado com a saúde e futuro da “geringonça”, esquecendo-se de olhar para o estado de saúde do maior partido da oposição.
Já por aqui se escreveu que Rio é um líder de transição e também já por aqui se postulou a hipótese do PSD estar demasiadamente refém dos neoliberalismo de pacotilha inaugurado por Pedro Passos Coelho.
Nestas condições, torna-se demasiado intrincado para Rui Rio conseguir o que quer que seja com o partido. Ora, e como também já tinha percebido com a questão da eutanásia, a bancada do partido está muito longe de Rui Rio.
Nestas condições, resta muito pouco ao actual líder. Quanto aos outros, sobretudo aqueles que esperam pelo Messias, há sempre esperança de um regresso de Passos Coelho ou, em alternativa, qualquer coisa semelhante ao ex-líder do Partido. Na verdade, não é particularmente difícil encontrar quem possa preencher um lugar marcado pela mais indisfarçável mediocridade. Medíocres há muitos.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Mais uma indecência a somar-se a tantas outras

 O New York Times revelou (parte) o que Donald Trump havia escondido: o seu registo fiscal. E as revelações apenas surpreendem pelas quantias irrisórias de impostos que Trump pagou e os anos, longos anos, em que não pagou um dólar que fosse. Recorde-se que todos os presidentes americanos haviam revelado as suas declarações, apenas Trump tudo fizera para as manter sem segredo. Agora percebe-se porquê. Em 2016, ano da sua eleição, o ainda Presidente americano pagou 750 dólares em impostos, depois de declarar um manancial de prejuízos, estratégia adoptada nos tais dez anos, em quinze, em que nem sequer pagou impostos.  Ora, o homem que sempre se vangloriou do seu sucesso como empresário das duas, uma: ou não teve qualquer espécie de sucesso, apesar do estilo de vida luxuoso; ou simplesmente esta foi mais uma mentira indecente, ou um conjunto de mentiras indecentes. Seja como for, cai mais uma mancha na presidência de Donald Trump que, mesmo somando indecências atrás de indecências, vai fa

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação e Trump é o ma