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Legislação laboral: o perigo de todos os perigos

Arménio Carlos, secretário-geral da CGTP, avisou para os perigos inerentes a uma união entre PS, PSD e CDS em torno da legislação laboral. A CGTP, em Conselho Nacional, aprovou uma resolução com marcação de uma concentração nacional para o próximo dia 6 de Julho como forma de protesto precisamente contra a proposta de lei do Governo no âmbito da legislação laboral, que contará com o apoio do PSD.
Deste modo, a CGTP prepara já uma luta contra a aliança entre PS e partidos de direitos naquilo que é considerado um retrocesso em matéria laboral.
Com efeito, se o PS insistir em agravar a precariedade, piorando as condições da contratação colectiva e enfraquecendo o trabalhador nas relações laborais, a solução política de esquerda sai ferida de morte. É também evidente que essas alterações contarão com o beneplácito de PSD e CDS.
De um modo geral, a questão das mudanças na lei laboral podem muito bem ser o teste supremo a esta solução de governo. É também neste particular que o PS pode igualmente voltar a encontrar a sua costela de esquerda ou render-se definitivamente à direita com que se tem deitado nas últimas décadas.
Aquilo que é apelidado, de modo depreciativo, pelo menos era essa a intenção, de geringonça não sobreviverá, ou não terá futuro, se o PS voltar a partilhar a mesma cama com PSD e CDS. António Costa estará seguramente ciente que tudo isso se pagará nas urnas e que depois dessa viragem não haverá reedição da dita geringonça. Será que Costa acredita assim tanto numa maioria absoluta? Seria prudente não o fazer. Seria prudente não deitar por terra uma solução que pode muito bem ser a última a levar o PS de regresso àquilo que já foi a sua natureza.

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