É evidente que algumas negociações são particularmente difíceis e
amiúde quando mais tempo duram piores resultados são conseguidos para
todas as partes. Parece ser esse o caso das negociações entre Ministério
da Educação e professores relativamente à devolução do tempo de serviço
que foi congelado. De resto, até os juristas estão divididos quanto a
quem terá razão nesta contenda.
No entanto e apesar da questão
de substância do que está em causa, não se pode obviamente desprezar a
forma como se conduz as negociações e, neste particular, parece evidente
que o ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, terá manifestado
uma inaudita intransigência que terá exasperado os sindicatos. E tudo se
torna mais grave quando promessas haviam sido feitas aos sindicatos e
até inscritas no Orçamento de Estado. Ou seja, fica a ideia de que uma
das partes pura e simplesmente não tem palavra.
Por outro
lado, o Governo justifica a sua posição - dois anos em vez dos nove
pedidos pelos sindicatos - com a própria progressão nas carreiras que no
caso dos professores acontece de 4 em 4 anos e no caso dos outros
trabalhadores apenas de 10 em 10, estando assim em vantagem em relação
ao regime geral, mesmo relativamente aos que viram o tempo congelado
finalmente contabilizado.
O Governo fica mal na fotografia e
ficará mais porque nenhum dos partidos que o apoiam quererão aparecer
nessa mesma fotografia e, por outro lado, parece estar aberta a Caixa de
Pandora, designadamente com outras classes profissionais a fazerem
exigências semelhantes. De resto essa Caixa de Pandora também teria sido
aberta se as negociações com os professores fossem bem sucedidas e a
pouco tempo de eleições essas exigências subiram seguramente de tom.
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