Avançar para o conteúdo principal

Eleições na Turquia

O resultado das eleições de domingo na Turquia são esclarecedoras: Erdogan, Presidente turco, foi reeleito logo à primeira volta e o seu partido, o APK, conseguiu uma maioria no Parlamento. Excelentes notícias para Erdogan e para o seu partido, o mesmo não será verdade para os turcos e seguramente não o será para a Europa e para o mundo.
Na prática estes resultados permitirão concretizar as medidas preconizadas em 2017 e que se traduzem num reforço dos poderes presidenciais e num subsequente enfraquecimento dos poderes do Parlamento. Erdogan tem agora mais instrumentos para consolidar o seu poder que se tornará ainda mais autoritários e de portas abertas para a continuação do processo de islamização que já dura há largas décadas, uma islamização com contornos turcos, mas que não deixa de o ser.
A Turquia com o seu modelo de Ataturk que aos olhos ocidentais representa um modelo promissor, desde logo pelo apregoado carácter secular, nunca andou verdadeiramente próxima da democracia e estes resultados apenas vêm contribuir para o seu inexorável afastamento.
A União Europeia, uma vez mais, não deu qualquer contributo positivo, preferindo insistir em promessas  e compromissos que nunca quis verdadeiramente honrar, dando assim um contributo para o afastamento da própria Turquia.
O cenário, agora com estes resultados, fica ainda mais sombrio para qualquer esperança de democracia e até para qualquer espécie de integração europeia.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Mais uma indecência a somar-se a tantas outras

 O New York Times revelou (parte) o que Donald Trump havia escondido: o seu registo fiscal. E as revelações apenas surpreendem pelas quantias irrisórias de impostos que Trump pagou e os anos, longos anos, em que não pagou um dólar que fosse. Recorde-se que todos os presidentes americanos haviam revelado as suas declarações, apenas Trump tudo fizera para as manter sem segredo. Agora percebe-se porquê. Em 2016, ano da sua eleição, o ainda Presidente americano pagou 750 dólares em impostos, depois de declarar um manancial de prejuízos, estratégia adoptada nos tais dez anos, em quinze, em que nem sequer pagou impostos.  Ora, o homem que sempre se vangloriou do seu sucesso como empresário das duas, uma: ou não teve qualquer espécie de sucesso, apesar do estilo de vida luxuoso; ou simplesmente esta foi mais uma mentira indecente, ou um conjunto de mentiras indecentes. Seja como for, cai mais uma mancha na presidência de Donald Trump que, mesmo somando indecências atrás de indecências, vai fa

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação e Trump é o ma

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa