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Eleições na Alemanha e a novidade da extrema-direita

Parece claro que Angela Merkel foi castigada nas eleições de domingo: perdeu 7% do eleitorado e viu o seu parceiro de coligação, SPD, afastar-se por completo de uma solução governativa. Certa também é a derrota, histórica, do próprio SPD que terá sido castigado precisamente por ter participado na solução governativa que agora chegou ao seu fim.
Quanto à CDU parece também ter havido lugar a um castigo. Presume-se que parte do eleitorado ter-se-á afastado devido às políticas de imigração da Chanceler alemã, vista por uns como altruísmo, por outros como oportunismo tendo em consideração tratar-se potencialmente de mão-de-obra barata. Considerando-se também uma terceira visão: a que rejeita o acolhimento de refugiados. Terá sido precisamente esta terceira visão a castigar a CDU.
Outra novidade prende-se com a ascensão do partido de extrema-direita, AfD, no Bundestag, com mais de 80 deputados.  Parte do eleitorado da CDU terá mudado para o lado do AfD. A entrada de um partido de extrema-direita para o Bundestag é o facto mas inquietante que resulta das eleições de domingo e constitui uma mudança sem precedentes dos últimos 60 anos. A extrema-direita na Europa regozija com os resultados obtidos pelo AfD, até porque os ânimos andavam esmorecidos desde a desilusão da Frente Nacional em França.

Resta a Merkel ensaiar uma coligação com os liberais e com os Verdes - a já apelidada coligação Jamaica, devido às cores dos partidos em causa. Tarefa mais difícil para os Verdes que mais cedo ou mais tarde serão acusados de se terem rendido às tentações do poder, partilhado com partidos ideologicamente muito diferentes.

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