Há
casos que merecem profunda reflexão: o da fixação de Oeiras com
Isaltino Morais é paradigmático dessa mesma necessidade. Isto a
propósito das sondagens que dão Isaltino vencedor em Oeiras com
maioria absoluta e da mais do que provável vitória do candidato
pelo movimento "Isaltino - Inovar Oeiras de Volta".
Recorde-se
que aquela que já foi uma figura proeminente no PSD acabou condenado
em 2009 a sete anos de prisão e perda de mandato pelos crimes de
fraude fiscal, abuso de poder, branqueamento de capitais e corrupção
passiva. Agora, depois de ter cumprido metade da pena a que fora
condenado, Isaltino regressa para reconquistar Oeiras.
Dito
isto, não haveria muito a acrescentar, supunha-se. Ora, alguém que
foi condenado por crimes perpetrados durante a vigência dos seus
mandatos não deveria voltar a ganhar a confiança dos eleitores.
Porém, é precisamente isso que acontece, vingando frases como: "é
corrupto, mas faz muito por Oeiras" ou "é corrupto, mas
são todos".
Outro
facto a merecer destaque prende-se com a autarquia em questão:
referida como sendo profusa em licenciados e afins onde abunda uma
população jovem. Aparentemente a formação foi parca nas questões
éticas e Isaltino Morais é dos exemplos mais gritantes da morte da
ética - palavra inexoravelmente vazia.
A
política deve subjugar-se à ética, mas se a palavra é de facto
inexoravelmente vazia para muitos de nós, também o é,
evidentemente, nas questões políticas, não havendo qualquer
espécie de subjugação, prevalecendo apenas o chico-espertismo e
uma espécie de pragmatismo ilusório.
Continuar-se-á
a afirmar que os políticos são todos iguais e mais se afirmará
esta falsidade em terras como Oeiras, onde essa pretensa igualdade de
defeitos se transforma em voto - mesmo sendo igual aos outros, faz,
alegadamente, diferente. A diferença está, presume-se, na práxis.
O
crime passa assim a ser um mal menor, mesmo quando ocorre, em funções
de representação política. Dir-se-á que estas linhas são mero
exemplo de quem desconhece a realidade, no caso de Oeiras, quando a
realidade que deveria pesar na consciência de quem vota é a de que
o candidato pelo movimento "Isaltino - Inovar Oeiras de Volta"
foi condenado, nunca será de mais referir, pelos crimes de fraude
fiscal, abuso de poder, branqueamento de capitais e corrupção
passiva.
Comentários