Avançar para o conteúdo principal

As flores que eu plantei

Em mais um comício à procura de um milagre eleitoral, Pedro Passos Coelho, sem originalidade – facto que se notou até na banda sonora que fora profusamente utilizada nas campanhas de António Guterres - lamentou-se por não colher as flores que plantou. Ou seja, o lamento prende-se com o facto de não estar no Governo a ser elogiado interna e externamente.
Por entre exageros como referir-se à democracia portuguesa como sendo incompleta, o ainda líder do PSD falou naqueles que andam a “colher flores para colocar na jarra”, chamando a atenção para o facto de não terem sido esses a “regarem e a semearem as flores”. E depois de anos de insistência na austeridade até à morte e depois de anos de profecias sombrias sobre o futuro do país, Passos Coelho procura capitalizar os bons resultados da economia portuguesa, alguns do quais verdadeiramente surpreendentes.
Ora, a estratégia passa agora por insistir na ideia que postula que os bons resultados económicos são fruto do trabalho do Governo de Passos Coelho e não devido ao abandono da dita austeridade até à morte, aliada, evidentemente à melhoria considerável da economia europeia e mundial.
Resta muito pouco a Passos Coelho depois de ter sido traído pela democracia, designadamente por uma coisa que se chama “maiorias na Assembleia da República”, pela realidade e agora sê-lo-á pelo poder local.
Resta-lhe acreditar na sua própria realidade e espalhar essa sua versão da realidade, recorrendo às habituais metáforas pueris. Resta-lhe olhar para as flores que plantou. Pelo menos é essa a história que vinga na sua cabeça. Pena, para ele, é que seja apenas na sua cabeça e de meia-dúzia de apaniguados.




Comentários

Mensagens populares deste blogue

Mais uma indecência a somar-se a tantas outras

 O New York Times revelou (parte) o que Donald Trump havia escondido: o seu registo fiscal. E as revelações apenas surpreendem pelas quantias irrisórias de impostos que Trump pagou e os anos, longos anos, em que não pagou um dólar que fosse. Recorde-se que todos os presidentes americanos haviam revelado as suas declarações, apenas Trump tudo fizera para as manter sem segredo. Agora percebe-se porquê. Em 2016, ano da sua eleição, o ainda Presidente americano pagou 750 dólares em impostos, depois de declarar um manancial de prejuízos, estratégia adoptada nos tais dez anos, em quinze, em que nem sequer pagou impostos.  Ora, o homem que sempre se vangloriou do seu sucesso como empresário das duas, uma: ou não teve qualquer espécie de sucesso, apesar do estilo de vida luxuoso; ou simplesmente esta foi mais uma mentira indecente, ou um conjunto de mentiras indecentes. Seja como for, cai mais uma mancha na presidência de Donald Trump que, mesmo somando indecências atrás de indecências, vai fa

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação e Trump é o ma

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa