Theresa
May jogou o tudo por tudo nas eleições do passado dia 8 de Junho.
Aquilo que parecia promissor rapidamente se transformou num pesadelo:
a perda da maioria absoluta no Parlamento.
O
que surpreende em Theresa May nem é tanto o resultado, mas a crença
que a primeira-ministra tinha em si própria que podia vencer as
eleições sem grande esforço - uma espécie de situação
garantida. Ora, May manifestou ser absolutamente incapaz de levar a
cabo uma campanha eleitoral, com episódios de ausência dos debates,
até propostas de cobrar dinheiros aos defuntos.
No
entanto, a sorte de May, é que o líder trabalhista tem sido pintado
como um radical por uma comunicação social contra si. Corbyn ainda
assim conseguiu um excelente resultado, insuficiente para chegar a
primeiro-ministro, mas incomparavelmente melhor do que se esperava.
Corbyn não contou com os votos daqueles que ainda têm uma fé
inabalável no neoliberalismo; os que ainda acreditam que esta forma
de capitalismo lhes trará o conforto de outrora; os que mantém a
convicção que das políticas neoliberais sairá alguma espécie de
futuro radioso e não tenebroso como os perigosos esquerdistas como
Corbyn por aí apregoam.
Seja
como for, Theresa May vê-se a braços com um resultado que lhe
retirou a maioria, deixando-a refém de um partido unionista da
Irlanda do Norte: o DUP (Democratic Unionist Party), partido que tem
a sua origem entre paramilitares no conflito sectário que quase
destruiu a Irlanda do Norte, um partido que conta entre os seus
membros com criacionistas; fortes opositores às leis do aborto e
casamento entre pessoas do mesmo sexo; membros que rejeitam os
impactos das alterações climáticas; fortes entusiastas do Brexit e
envolvidos em casos de desvios de dinheiros. E é com isto que
Theresa May, desesperada, se propõe governar o país. As hipóteses
de isso acontecer, pelo menos durante muito tempo, não serão as
mais favoráveis.
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