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Arábia Saudita encabeça uma longa lista de países que anunciaram o
corte de relações com um pequeno país do Golfo Pérsico: o Qatar.
Alegadamente o Emir do país terá feito declarações na internet
que sustentam o apoio ao Irão e a grupos extremistas. O mesmo Emir
já afirmou não ter feito essas declarações, mas sim ter sido alvo
de um ataque informático e os próprios serviços secretos
americanos perfilham a mesma posição, embora sejam conhecidas as
posições deste país de não repúdio do Irão xiita ou de grupos
como os Irmãos Muçulmanos ou o Hamas. Muito longe ainda assim da
violência de grupos como o Daesh.
No
entanto, parece pouco, muito pouco para uma decisão desta
envergadura, sobretudo quando a mesma tem na linha da frente o berço
do salafismo e wahabismo e que dá enquadramento ao terrorismo sunita
inspirador de grupos como o Daesh e al-Qaeda, a começar pelo recurso
à educação via madrassas.
Esta
posição de países como a Arábia Saudita vem dar um forte
contributo à instabilidade na região e ao ainda maior
enfraquecimento das tíbias relações entre o Islão sunita da
região e o Islão xiita designadamente do Irão.
E
para contribuir para o agravamento dessa instabilidade, Trump que há
escassas semanas tentava vender armamento ao Qatar ("beautiful
military equipment"), apoia agora a posição da Arábia
Saudita, afirmando que este poderá ser o princípio do fim do
terrorismo. Recorde-se que o Qatar é aliado dos EUA, ou era.
Deste
modo, o inepto Presidente americano fecha a porta à diplomacia, uma
vez mais, esquecendo-se inclusivamente da importância estratégica
deste pequeno país: importância quer do ponto de vista dos ataques
aéreos a regiões dominadas pelo Daesh, quer pelo simples facto dos
EUA terem precisamente no Qatar uma enorme base militar. Trump vem
relevar, novamente, que desconhece o conceito de diplomacia e que
aquilo que ele faz no twitter mais não é do que um conjunto de
exercícios próprios de crianças, mas com consequências
inquietantes. Afinal de contas, e inacreditavelmente, trata-se do
Presidente dos EUA.
Neste
contexto de hostilização do Qatar por parte de países vizinhos,
encabeçados por uma Arábia Saudita que não se cansa de lutar pela
total hegemonia na região e com um Presidente americano que é
simplesmente um desastre, estão reunidas as condições para o
recrudescimento da instabilidade na região que poderá ter
consequências verdadeiramente trágicas, com contornos de guerra
aberta entre alguns países da região.
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