De
quem é a culpa? O que falhou? Quem falhou? São as perguntas que
acabaram, como se era de prever, reféns do passa-culpas. Por um
lado, aponta-se à Protecção Civil, um conjunto de falhas ao
sistema de comunicações integrado, o famigerado SIRESP; outros
relatórios apontam o dedo à Protecção Civil que terá levado
demasiado tempo a accionar os mecanismos necessários para socorrer
as populações.
Outros
ainda procuraram, e continuarão a fazê-lo, imputar
responsabilidades políticas ao Governo em funções, talvez agora
com menos recurso a presumíveis suicídios. Com efeito, as palavras
levianas de Passos Coelho, quando afirmou conhecer situações de
desespero que redundaram em suicídio para depois, perante a não
confirmação, insistir, mas desta feita em tentativas de suicídio,
podem ter o condão de deitar alguma água na fervura. Ou por outras
palavras: as afirmações despropositadas e de mau gosto do antigo
primeiro-ministro podem arrastar consigo uma certa contenção de
tantos que se enfileiraram para depositar todas as culpas em cima do
Executivo de António Costa.
Infelizmente,
e numa altura que se exige clarificação e seriedade, até tendo em
consideração o número elevado de vítimas mortais e de feridos,
persiste quem se ponha na linha da frente para disparar em força
contra o Governo, sem que antes se determine exactamente o que
aconteceu; sem ter em linha de conta tudo o que de errado se tem
feito em matéria de políticas florestais; sem dar tempo para que se
determine se as autoridades no terreno fizeram o que era possível
ser feito.
Todos
queremos essas respostas e também todos sabemos que a culpa andará,
por algum tempo, refém do já referido passa-culpas. Todavia, não
vejo como o facto de se disparar sempre em direcção ao Governo
liderado por António Costa pode ajudar a encontrar os culpados. Só
o desespero de uma certa direita, de que Passos Coelho, é o expoente
máximo, é que pode considerar que a culpa depositada no actual
Executivo é qualquer coisa que os portugueses corroboram de bom
grado.
Comentários