Theresa
May julgava que tinha feito uma jogada de mestre ao invocar a
necessidade de novas eleições para que destas saísse um governo
forte e sólido com o objectivo de negociar o Brexit. Todavia,
saiu-lhe o tiro pela culatra e da vantagem significativa com que
partiu restam uns meros três porcento de vantagem ou ainda menos. A
vitória esmagadora transformar-se-á, no melhor dos cenários, numa
vitória tangencial.
Mas
e se Jeremy Corbyn, líder Trabalhista, vencesse as eleições?
Desde
logo, as negociações com vista ao Brexit seriam consideravelmente
diferentes: Corbyn, contrariamente à sua adversária conservadora,
não defende um Hard Brexit e arrasa inexoravelmente a frase de May,
repetida até à exaustão: "No deal is better than a bad deal".
Por conseguinte, uma vitória de Corbyn seria mais vantajosa para os
britânicos, mas também para a Europa.
Paralelamente,
com Corbyn como primeiro-ministro, o Reino Unido assistiria a uma
inversão nas políticas de austeridade - as mesmas que tentam manter
o neoliberalismo vivo e o capitalismo selvagem à tona de água.
Desvalorização salarial, enfraquecimento do Estado Social e
financiarização da economia são pedras angulares nas políticas de
Theresa May. Os resultados, esses, já os conhecemos. Assim como
sabemos que se insistirá na receita para o desastre, apesar de todas
as evidências. Com Corbyn, assistiríamos, creio eu, a uma inversão
dessas políticas.
A
verdade é que a possibilidade de Corbyn ser primeiro-ministro já
não parece tão utópica como há escassas semanas atrás. Enquanto
Theresa May foge aos debates televisivos, mais de 2 milhões de
britânicos recensearam-se para poder votar no dia 8 - votos que não
cairão no lado dos Conservadores.
Uma
vitória de Corbyn traria vantagens sobretudo que no diz respeito às
difíceis negociações do Brexit. No entanto, e apesar disso, muitos
torcerão o nariz porque Corbyn não estará disposto a lutar por um
neoliberalismo em clara decadência.
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