Avançar para o conteúdo principal

O voto

No próximo domingo os cidadãos vão escolher uma nova composição da Assembleia da República. Como todas as sondagens indicam e como não se trata propriamente de uma surpresa, já se percebeu de que forma é que será constituída a Assembleia da República, ou seja os mesmos do costume.
De facto as dúvidas ainda se prendem com que formará Governo, embora tudo indique que será o PSD, e com quem.
O sentido de voto em Portugal e em grande parte dos países ocidentais está manifestamente condicionado pela comunicação social, por muito que se finja que as pessoas são livres para escolher a verdade é que essa pretensa liberdade é condicionada pela informação e pela exposição que chega às pessoas. Por conseguinte, neste jogo distorcido, quem tem uma ampla exposição tem mais probabilidades de ser eleito, deixando pouco espaço para quem tem uma dimensão mais pequena e não conta com a atenção dos média. A excepção são pessoas como o candidato presidencial madeirense, José Manuel Coelho, que consegue atrair a atenção da comunicação social recorrendo a práticas pouco ortodoxas.
De igual modo, os partidos mais pequenos não contam com máquinas partidárias e com o dinheiro que os partidos do espectro do poder contam. Não há uma grande mobilização de militantes, não há autocarros cheios de pessoas que amiúde nem sabem ao que vão e, essencialmente, não há o aparato da comunicação social sempre à espera do espectáculo deplorável com que os principais partidos nos brindam.
O voto é por muitos interpretado como uma forma de escolha, mas também deve ser encarado como um meio de castigar quem pouco tem feito pelo país e pela democracia portuguesa. Infelizmente, não é isso que as sondagens nos dizem, nem será certamente isso que vai acontecer no próximo domingo. Esquece-se com demasiada frequência que as mudanças tão necessárias aos partidos não vêm do seu interior e não serão de sua iniciativa. Enquanto os cidadãos continuarem a compactuar com a actual situação, nada mudará.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Saídas para os impasses

As últimas semanas têm sido pródigas na divulgação de escândalos envolvendo o primeiro-ministro e as suas obrigações com a Segurança Social e com o Fisco. Percebe-se que os princípios éticos associados ao desempenho de funções políticas são absolutamente ignorados por quem está à frente dos destinos do país - não esquecer que o primeiro-ministro já havia sido deputado antes de se esquecer de pagar as contribuições à Segurança Social. A demissão está fora de questão até porque o afastamento do cargo implica, por parte do próprio, um conjunto de princípios que pessoas como Passos Coelho simplesmente não possuem. A oposição, a poucos meses de eleições, parece preferir que o primeiro-ministro coza em lume brando. E com tanta trapalhada insistimos em não discutir possíveis caminhos e saídas para os impasses com que o país se depara. Governo e oposição (sobretudo o Partido Socialista) agem como se não tivessem de possuir um único pensamento político. Assim, continuamos sem saber o que...

Fim do sigilo bancário

Tudo indica que o sigilo bancário vai ter um fim. O Partido Socialista e o Bloco de Esquerda chegaram a um entendimento sobre a matéria em causa - o Bloco de Esquerda faz a proposta e o PS dá a sua aprovação para o levantamento do sigilo bancário. A iniciativa é louvável e coaduna-se com aquilo que o Bloco de Esquerda tem vindo a propor com o objectivo de se agilizar os mecanismos para um combate eficaz ao crime económico e ao crime de evasão fiscal. Este entendimento entre o Bloco de Esquerda e o Partido Socialista também serve na perfeição os intentos do partido do Governo. Assim, o PS mostra a sua determinação no combate à corrupção e ao crime económico e, por outro lado, aproxima-se novamente do Bloco de Esquerda. Com efeito, a medida, apesar de ser tardia, é amplamente aplaudida e é vista como um passo certo no combate à corrupção, em particular quando a actualidade é fortemente marcada por suspeições e por casos de corrupção. De igual forma, as perspectivas do PS conseguir uma ma...

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação ...