Agora são notícias de que a Celtejo, empresa de fabrico de papel em Vila Velha de Ródão, teve várias avarias, o que terá resultado em descargas sem tratamento. Aponta-se o dedo a esta e a outras empresas de celulose, afirma-se que este é um dos mais graves crimes ambientais dos últimos anos, mas a vontade em efectivamente promover mudanças parece não chegar. Na verdade até somos um país com sorte. E porquê? Pela nossa dimensão, pela dimensão do nosso sector industrial, pela própria dimensão da nossa economia. Em suma, somos pequenos, essa é a nossa sorte, porque se tivéssemos outra dimensão, sobretudo no que diz respeito ao sector industrial, os problemas ambientais seriam incomensuravelmente maiores. Existem poucas empresas de grande dimensão que podem causar desastres ambientais como aqueles que agora é notícia, mas apesar de serem poucos os suspeitos e muitas as certezas, nada se faz e quando se faz é fora de tempo e sem consequências de maior para os poluidores. Todavia...
Para a construção de uma sociedade justa e funcional é necessário que a política e que os políticos se centrem na consolidação de três elementos: a protecção do ambiente, o bem-estar social com a necessária eficácia económica e a salvaguarda do Estado democrático. No entanto, estamos a falhar clamorosamente o primeiro objectivo, o que faz com tudo o resto seja inexoravelmente sem importância.