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Às vezes lá nos lembramos do Ambiente

Às vezes e sobretudo quando alguma tragédia ambiental nos bate à porta ou esfrega as suas feias e inquietantes consequências na cara; às vezes lá nos lembramos do Ambiente. Foi exactamente o que aconteceu em Abrantes, quando as imagens de um Tejo espumoso e negro invadiram as nossas casas. Agora até deputados se mostram preocupados com o Ambiente, pedindo junto do Governo não só uma solução para o problema premente, mas também mais atenção para o ambiente.
Discutimos tudo: défice, dívida, Saúde, Educação, Justiça, politiquices, Europa (invariavelmente na perspectiva económica), tudo menos Ambiente e políticas ambientais. 
Os responsáveis políticos são os primeiros a não iniciar essa discussão, até porque quando mais se falar de Ambiente, mais se terá de abordar as mudanças necessárias e respectivos custos económicos - mudanças estruturais em que ninguém quer verdadeiramente pensar. Empurra-se com a barriga e espera-se por imposições de metas e mudanças vindas da Europa.
Por outro lado, está a justiça: morosa e tantas vezes agarrada ao passado em geral, intensifica essas características quando se trata de crimes ambientais. De vez em quando lá vem uma multa ou outra, mas invariavelmente reduzidas e sem nada uma para mudança de mentalidades. 
E é neste contexto de desinteresse e impunidade que se vão cometendo crimes graves contra o Ambiente, muitos deles com consequências de difícil reversão. Hoje, acordámos e falámos zangados do que se está a fazer ao Ambiente. Amanhã o Ambiente que tanto nos preocupa hoje já terá sido esquecido. Outra vez.


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