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Desinvestimento na Saúde

Depois de anos de desinvestimento no Sistema Nacional de Saúde, por imposição externa e por se tratar de uma área particularmente apetecível para os negócios, o actual governo socialista, apoiado pelos partidos à sua esquerda, não tem vindo a repor o que foi retirado. O resultado não pode propriamente surpreender: listas de espera que continuam a ser um problema, quer para consultas, quer para intervenções cirúrgicas; serviços de urgência atolados, mais ainda no pico da gripe; displicência no que diz respeito a determinadas áreas da saúde, designadamente na saúde mental; incapacidade de resposta a doenças prolongadas e cuidados paliativos. É também neste contexto que surgem imagens de serviços de urgência repletos de gente em agonia ou até de recepções de hospitais onde são despejados doentes. 
No entanto, e apesar de importância das imagens sobretudo para um debate que já deveria ter acontecido, desenganem-se aqueles que consideram serem estes actos louváveis, sem quaisquer objectivo político, concretamente de quem promove as denúncias. Ainda assim, as imagens não deixam de tocar no essencial: quem entra num hospital corre o risco de deixar a sua dignidade à porta.
O Partido Socialista está por detrás da criação do Sistema Nacional de Saúde, ou seja tem responsabilidade acrescida e o dever moral de zelar pelo SNS e pela dignidade dos utentes. Os partidos à sua esquerda, desde logo por imperativos ideológicos, não podem baixar os braços neste particular.
Existe, porém, questões que são indissociáveis do investimento necessário no SNS: a dívida pública, os juros, as imposições externas, restando saber até que ponto será possível cumprir as imposições externas e repor o investimento no SNS, retirando, claro está, margem de lucro a quem ganha com a degradação dos serviços de saúde pública.

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