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PSD e o fetiche Bloco Central

A escassos dias das eleições para a liderança, o PSD é um partido à procura do seu lugar, num contexto onde o espaço já foi consideravelmente mais relevante. É também nesse sentido que se discute acordos com o PS, numa espécie de fetichismo difícil de disfarçar. Rui Rio mostra-se aberto a essa possibilidade; Santana Lopes não, afiançando não se tratar de uma "embirração pessoal", e avançando mesmo uma teoria para dar consistência à sua posição: trata-se afinal de um erro, "se os dois principais partidos vão para o governo quem é que fica de fora? Os extremos do sistema". São frases como esta que dão origem a anos de descodificação e eventualmente a novas teorias no âmbito da ciência política.
Agora um pouco mais a sério, os candidatos que concorrem pela liderança do PSD adoptam posições diferentes, pelo menos no que diz respeito a uma eventual reedição do Bloco Central. Na prática Santana Lopes procura apenas agradar à orfandade de Passos Coelho, situada à direita e com manifestas alergias a tudo o que cheire a esquerda.
É claro que fora desta equação ficam de fora os interessados sem os quais não haverá sequer uma ínfima possibilidade de reedição do tal Bloco Central, concretamente o PS que encontrou uma solução governativa que deixou de fora o PSD, com os bons resultados conhecidos. O que levaria o PS a entender-se com o PSD? O falhanço de entendimentos à esquerda? A pressão dos negócios? O Presidente da República? São todas possibilidades que só se concretizarão, alegadamente, se Rio vencer as eleições internas. Ou se Santana Lopes mudar de ideias e de teoria, coisa que não seria propriamente inédita.


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